AUTOPERCEPÇÃO DE SAÚDE: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE PROFESSORES MUNICIPAIS E ESTADUAIS DE PASSO FUNDO, RS

  • Ana Larissa Gonçalves da Silva UFFS
  • Lucas Dalla Maria
  • Jarbas Rygoll de Oliveira Filho
  • Gustavo Olszanski Acrani
  • Ivana Loraine Lindemann
Palavras-chave: Exposição ocupacional; Saúde do professor; Autoavaliação; Epidemiologia médica.

Resumo

A autoavaliação de saúde é um parâmetro subjetivo, mas pode ser utilizada, por exemplo, com os profissionais da educação, que, no campo do trabalho, têm sido expostos a cargas de serviços fatigantes e menos tempo para o lazer e o convívio familiar, tornando-os vulneráveis ao sofrimento e ao adoecimento. Nesse sentido, a qualidade de vida desse grupo pode ser prejudicada e ainda enfraquecer o intelecto e o autocuidado. Sendo assim, este estudo teve como objetivo estimar a prevalência da autopercepção negativa de saúde em professores e verificar sua distribuição conforme variáveis independentes. Trata-se de um estudo transversal realizado com professores da rede municipal e estadual de ensino de Passo Fundo, RS, cuja coleta de dados foi on-line, por meio de um questionário autoaplicável, de 23/08/2019 a 13/02/2020. O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFFS (parecer nº 3.314.996). A autopercepção de saúde foi aferida através da pergunta: “Como você considera a sua saúde?” e dicotomizada em positiva e negativa. Como variáveis independentes foram analisados: sexo, idade, cor de pele, tempo de trabalho como professor, carga horária semanal e satisfação profissional. A análise estatística compreendeu as frequências absolutas e relativas das variáveis independentes, o cálculo da prevalência do desfecho com intervalo de confiança de 95% (IC95) e a verificação da sua distribuição de acordo com as variáveis preditoras (teste de Qui-quadrado; erro alfa de 5%). Foram incluídos na amostra 225 professores, majoritariamente mulheres (91,1%), entre 31 e 50 anos (64,4%) e com cor de pele branca (89,3%). Acerca da rotina profissional, considerando tempo de trabalho como professor, carga horária e satisfação profissional, 33,3% atuam na área de 16 a 25 anos, 53,8% trabalham por um período de 31 a 40 horas semanais e 62,7% demonstraram estar satisfeitos com a carreira docente. Em relação ao desfecho, 44% (IC95 37-51) dos professores foram classificados com a autopercepção negativa de saúde. Somando a isso, encontrou-se diferença estatisticamente significativa entre a autopercepção negativa de saúde e o menor tempo de trabalho como professor (58,8% entre aqueles com tempo de trabalho ≤ 10 anos; p=0,037) e insatisfação profissional (57,1%; p=0,002). Diante do exposto, conclui-se que, sendo a autopercepção de saúde negativa prevalente, junto à insatisfação dos docentes, percebe-se um comprometimento do bem-estar dessa população. Portanto, pautar estudos para análise da saúde dos docentes é imprescindível no meio científico.

Publicado
21-11-2022