Seminário Integrador

ferramenta para o aprendizado de como "não soltar a mão" do paciente - Relato de experiência

  • Kelen Lise Biazi UFFS
  • Alice Fermiano Alves
  • Wagner Henrique dos Santos Batista
  • Jéssica Tamini de Borba
  • Pedro Augusto Ferro
  • Natan Zanella
  • Julio César Stobbe
  • Lissandra Glusczak
Palavras-chave: Envelhecimento, Fêmur, Matriz óssea, Sistema Único de Saúde, Terapêutica

Resumo

Este é um relato de experiência produzido por um grupo de acadêmicos do curso de Medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus de Passo Fundo – RS, referente ao Seminário Integrador I, cursado no semestre de 2022/01. O Seminário Integrador consiste em um componente curricular dessa respectiva universidade que, calcado no intuito de fomentar um profissional filiado à prática da formação continuada e à comunhão harmônica entre o fazer médico e a produção científica, permite aos graduandos sistematizar o arcabouço técnico dos demais componentes curriculares em um caso clínico particular. “Vocês não soltaram da mão desta paciente até o final”. Esta foi uma das frases mais proferidas pela banca docente avaliadora da apresentação de um dos trabalhos do Seminário Integrador I, intitulado “Fratura transtrocanteriana de fêmur direito”. Nesse sentido, o trabalho supramencionado, em especial, teve notável avaliação justamente por sua capacidade de aliar excepcionalmente ciência e sensibilidade. Tratava-se, por ora, do caso de uma paciente de 101 anos, que, após sofrer uma queda da própria altura, teve seu fêmur direito fraturado. Assim, os acadêmicos responsáveis pela condução do trabalho iniciaram a análise pela descrição de qual diretriz o método científico os orientava a seguir para um diagnóstico acurado da situação, considerando o seu contexto de emergência. Em seguida, trataram da importância que o Sistema Único de Saúde (SUS) teve ao longo do caso, seja no atendimento inicial, seja na reabilitação, destacando igualmente o fato de que casos semelhantes representam uma tendência em ascensão frente ao envelhecimento populacional. Posteriormente, o grupo debruçou-se sobre um prisma mais específico da fratura em questão e de sua possível etiologia, a osteoporose, abordando, portanto, desde a constituição da matriz óssea e as particularidades do fêmur até a regulação do metabolismo do cálcio, a bioquímica hormonal e a algumas interações medicamentosas nocivas do prontuário da paciente. Para finalizar, abarcou-se uma retrospectiva histórica do tratamento das fraturas e alguns aspectos filosóficos e éticos ligados à morte inevitável da paciente. Dessa maneira, tal experiência não apenas reafirmou os conhecimentos técnicos dos graduandos, permitindo-os aplicá-los de forma prática ainda no primeiro semestre, como também desenvolveu a sensibilidade necessária para o contato com uma vida permeada de histórias, emoções e memórias. Permitiu-lhes entender a relevância do acompanhamento transversal proposto pela Medicina de Família e Comunidade, o qual se estende desde a eclosão da queixa até o desfecho da terapêutica, quer ele seja satisfatório, quer ele seja trágico. Ainda, confiar em suas habilidades e desenvolver a proatividade tão cara à prática diária de sua futura profissão. E, por fim, vituperar o discurso supremacista em relação à figura do médico, pois, sem o suporte das outras áreas do conhecimento, não seria possível um olhar holístico tão bem arquitetado, uma descrição tão cautelosa da complexidade do caso e uma preocupação constante com a subjetividade da paciente, de modo a jamais “soltar de sua mão”.

Publicado
21-11-2022