IDOSOS ATENDIDOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

QUAL A RELAÇÃO DO ESTILO DE VIDA COM A MORBIDADE?

  • Karima Muhammad Yusuf Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Francisca Mayara Soares Gama
  • Taís Felipe Silva
  • Ivana Loraine Lidemann
  • Gustavo Acrani
  • Rilary Silva Sousa
Palavras-chave: Saúde, Hábito de Vida, Morbidade, Atenção Básica

Resumo

Estilo de vida é um conjunto de hábitos e costumes que influencia a saúde dos indivíduos por contemplar comportamentos que representam fatores de risco para a maioria das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Os quatro principais eixos do estilo de vida saudável compreendem: peso corporal adequado, prática de atividade física e, não ser tabagista, nem etilista. Diante disso, este estudo teve como objetivo analisar a prevalência de estilo de vida não saudável e sua relação com DCNT (morbidade). O estudo foi transversal, realizado com idosos (≥ 60 anos), de ambos os sexos, acompanhados na Atenção Primária à Saúde do município de Marau/RS, no ano de 2019, excluindo-se os que evoluíram ao óbito. O projeto de pesquisa do qual este estudo deriva foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFFS (parecer 4.769.903). Mediante acesso aos prontuários eletrônicos foram obtidos dados sobre características sociodemográficas, de morbidade e comportamentais, os quais foram diretamente digitados em banco criado no EpiData (3.1; freeware). As análises estatísticas foram realizadas no PSPP (freeware) e compreenderam descrição da amostra, cálculo da prevalência de estilo de vida não saudável, com intervalo de confiança de 95% (IC95) e sua relação com as DCNT (qui-quadrado; erro tipo I de 5%). O estilo de vida não saudável (desfecho) foi gerado a partir da somatória de tabagismo, consumo de bebida alcoólica, não realização de atividade física e diagnóstico de sobrepeso, considerando positivos para o desfecho aqueles com resultado ≥2, ou seja, presença de no mínimo dois dos quatro fatores em estudo. Aqueles com dados faltantes foram considerados como negativos para o desfecho e, a adequação do peso corporal foi avaliada pelo índice de massa corporal (IMC), sendo o sobrepeso definido como IMC ≥27 kgm2. Na amostra de 1.728 participantes mais da metade é do sexo feminino (60,1%), entre 60 e 69 (53,2%), com ensino fundamental incompleto (83,3%) e de cor branca (77,3%). Em relação à morbidade foi observado, 66,5% de hipertensão, 31,9% de dislipidemia, 26,1% de diabetes, 19,5% de transtorno de saúde mental, 13,9% de cardiopatia, 3,8% de acidente vascular cerebral e 2,9% de infarto agudo do miocárdio. Do total, 48% (IC95 45-50) dos participantes têm estilo de vida não saudável, sendo que a maioria negou tabagismo (91,7%), consumo de bebidas alcoólicas (95%) e prática de atividade física (97,7%) e, apresentou sobrepeso (61,7%). Dentre aqueles com o desfecho, observou-se maior prevalência de hipertensão (72,5%; p<0,001), dislipidemia (38,1%; p<0,001), diabetes (30,7%; p<0,001) e cardiopatias (16,4%; p=0,006). Portanto, os resultados demonstram que o estilo de vida afeta diretamente a saúde do indivíduo e, reforçam a importância das ações de promoção da saúde.

Publicado
21-11-2022