DISLIPIDEMIA EM PROFESSORES
UM ESTUDO DE PREVALÊNCIA NAS REDES MUNICIPAL E ESTADUAL DE ENSINO
Resumo
A dislipidemia caracteriza-se pela elevação dos níveis lipídicos no sangue, especificamente das
taxas de triglicerídeos e colesterol. Tal distúrbio pode ser causado por condições genéticas e,
além disso, por motivos externos, como alimentação não balanceada e sedentarismo - fatores
estes ligados diretamente ao estilo de vida da população. Sendo assim, esse estudo teve como
objetivo estimar a prevalência de dislipidemia em professores e verificar sua distribuição
conforme variáveis sociodemográficas e laborais. Trata-se de um estudo transversal realizado
com professores da rede municipal e estadual de ensino de Passo Fundo, RS, com coleta de
dados on-line, por meio de um questionário autoaplicável, divulgado pelos diretores das escolas,
por e-mails e redes sociais, de 23/08/2019 a 13/02/2020. O questionário continha questões a
respeito de características sociodemográficas, de vida, saúde e laborais. A variável de desfecho
analisada foi dislipidemia, aferida através das perguntas: “Alguma vez algum médico lhe disse
que você tem triglicerídeos/colesterol alto?” sendo categorizado como portador de dislipidemia
aqueles que responderam “sim” a pelo menos uma delas. Como variáveis independentes foram
analisadas sexo, idade, raça, atividade física, tabagismo, sobrepeso (IMC), hipertensão (HAS)
e diabetes (DM). A análise estatística compreendeu a descrição das frequências absolutas e
relativas das variáveis independentes por meio do software free PSPP, cálculo da prevalência
do desfecho com intervalo de confiança de 95% (IC95), bem como a verificação da sua
distribuição de acordo com as preditoras (teste de Qui-quadrado; erro alfa de 5%). Foram
incluídos na amostra 225 professores, predominando sexo feminino (91,1%), com idade entre
31-51 anos (64,4%), autodeclarados brancos (89,3%), que referem consumo de álcool
esporadicamente (71,1%), sem hábitos tabagistas (86,7%), com sobrepeso (64,9%), sem
histórico de diabetes (90,7%) nem hipertensão (72,4%) e que referem praticar exercícios físicos
eventualmente (44,5%). Observou-se que a prevalência de casos de dislipidemia foi de 38,6%
(IC95 32-45), com maior prevalência em profissionais da educação com idade ≥51 anos (50%;
p= 0,040), com sobrepeso (44,5%; p=0,01), diabéticos (83,3%; p= 0,001) e hipertensos (55,2%;
p=0,009). Nota-se que a prevalência de dislipidemia entre os profissionais da educação é menor
quando comparada com a população geral (64,5%). Em paralelo à literatura, percebe-se
similaridade dos resultados encontrados, pois os fatores de idade avançada, sobrepeso, presença de diabetes e hipertensão são corriqueiramente associados à dislipidemia. A afirmação pode ser embasada por fatores fisiopatológicos, já que alterações dos níveis lipídicos são
majoritariamente vistas em pacientes idosos. Ademais, pacientes com DM têm maior risco de
desenvolver dislipidemia devido à resistência à insulina, fato que o predispõe a alterações no
metabolismo das lipoproteínas circulantes e também porque em pacientes com dislipidemia
associada à HAS há maior risco de desenvolvimento de desfechos como aterosclerose, elevando
a mortalidade em até 20 vezes. Destarte, evidencia-se a relevância da realização de cada vez
mais estudos acerca do assunto e, principalmente, da criação de políticas com o fito de atuar na
promoção de saúde e prevenção da condição, a partir da melhoria dos hábitos de vida que podem
desencadear no imbróglio.
Copyright (c) 2022 Rilary Silva Sousa, Francisca Mayara Soares Gama, Karima Muhammad Yusuf, Tais Felipe da Silva, Ivana Loraine Lindemann, Gustavo Olszanski Acrani
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