PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE CRIANÇAS ACOMETIDAS PELO SARS-COV-2 NO RIO GRANDE DO SUL DE JANEIRO A SETEMBRO DE 2022

  • João Pedro Nazário Souza Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Renata dos Santos Rabello Universidade Federal da Fronteira Sul
Palavras-chave: COVID-19, Epidemiologia, Criança, Rio Grande do Sul

Resumo

O ano de 2019 foi marcado pelo surgimento do Sars-CoV-2, que rapidamente se
disseminou chegando à categoria de pandemia. A infecção pode variar, apresentando desde
sintomas gripais a pneumonias graves levando ao desconforto respiratório agudo. Na população
pediátrica, a transmissão se deu principalmente pelo contato com familiares infectados e
estudos revelaram que a taxa de prevalência na faixa etária dos 0 aos 4 anos, nos Estados Unidos
em 2022, girou em torno dos 20%. Através de análise de dados em 2022 sobre a mortalidade
de crianças em 91 países, o Brasil deteve cerca de 1 em cada 5 mortes, evidenciando a gravidade
da doença no país. Apesar dos óbitos em crianças serem raros, fatores de risco como idade,
condições genéticas e complexidade médica, estão associados a resultados mais desfavoráveis.
Este artigo visa analisar o perfil epidemiológico das crianças infectadas pelo SARS-CoV-2 no
Rio Grande do Sul no período de janeiro a setembro de 2022. Trata-se de um estudo ecológico
com abordagem descritiva referentes às notificações de COVID em crianças de 0 a 4 anos, no
período citado, obtidas através dos dados do SIVEP-Gripe. A amostra pode ser delimitada a
partir de RT-PCR e Pesquisa antigênica de SARS-CoV-2 positivas. Desta forma, foram
utilizadas variáveis como sexo, idade, raça, hospitalização, febre, tosse, dispneia, desconforto
respiratório, saturação O2 <95%, UTI, raio-x, tomografia de tórax e evolução para
delineamento do perfil. Para taxa de mortalidade, o cálculo se deu através de dados
disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), através da projeção
da população de 0 a 4 anos do estado. As informações foram organizadas a partir da utilização
do programa Jamovi, versão 2.3.18 (distribuição livre). A partir disso, pode-se constatar que
dos 2.611 casos notificados, 430 (16,4%) foram diagnosticados com COVID-19. Com relação
à prevalência, os meses de janeiro e fevereiro registraram as maiores notificações (19,5%) e o
1 João Pedro Nazário de Souza. Estudante. Medicina
2 Renata dos Santos Rabello. Docente. Medicina
maior número de casos se deu em meninos (56%), de 1 ano (39,5%) e brancos (81%). 425
pacientes (98,8%) precisaram ser hospitalizados e os principais sintomas foram febre (77,4%),
tosse (69,4%) e dispneia (60,2%). Quase metade deles apresentou saturação de oxigênio menor
que 95% (49,1%). Aproximadamente 26% dos hospitalizados precisaram ir para unidades de
terapia intensiva (UTI) destes, 56,3% necessitou de suporte ventilatório não invasivo, 40%
precisou ser intubado e os principais achados em exames de raio-x foram infiltrações
intersticiais e consolidações (46,3%). Com relação a evolução dos pacientes, o principal
desfecho foi a cura (82,5%). O número de óbitos foi de 11 crianças (2,5%), a maioria em
meninos (54,5%), com 1 ano de idade (36,3%), brancos (90,9%) e que necessitaram de suporte
ventilatório invasivo (72,7%). A taxa de mortalidade foi de 1,5/100.000. 64 (14,8%) evoluções
foram ignoradas. Portanto, este artigo compilou os principais achados no intervalo etário, afim
de descrever os perfis de alerta e possibilitar o direcionamento mais eficaz na prevenção e
tratamento da COVID-19 nestas crianças, visto elas possuem restrições relacionadas a
vacinação, além de apresentarem maiores taxas de hospitalização, se comparadas a outras faixas
etárias infantis.

Publicado
21-11-2022