A um clique do trauma

O acesso a pornografia na pré-adolescência

  • Vanessa Regina Trentin Zoraski Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Silvania Regina Pellenz Irgang Universidade Federal da Fronteira Sul
Palavras-chave: Pré-adolescência; Pornografia; Internet; Sexualidade.

Resumo

Devido à globalização, facilitadora na disseminação de informações, e o anonimato do mundo virtual, o acesso a conteúdos pornográficos tem se tornado cada vez mais frequente e precoce, em foco na faixa etária que engloba pré-adolescência. Visto os problemáticos e evidentes comportamentos recorrentes dessa aproximação, a referida produção investiga como o acesso precoce aos conteúdos pornográficos, na internet, interferem no desenvolvimento e manifestam-se em pré-adolescentes de 11 a 13 anos. Neste ínterim, a pesquisa discorre da abordagem qualitativa, de cunho bibliográfico. Listam-se os autores estudados e referenciados: Brolezzi (2015), Hald e Malamute (2015), Lins (2012), Minayo (2012), Rappaport (1981), entre outros. A pré-adolescência é tempo de diversas transformações físicas e intelectuais decisivas para a vida adulta, logo que é neste período que o pensamento abstrato toma forma. Essa desenvolução não se mostra de maneira linear, as experiências acumulam-se umas sobre as outras gerando modificações no compreender a si mesmo e aos outros. Nesse momento, a instauração de padrões é afetada, pois não havendo identificação permanente em sua própria figura, o jovem busca alterações para finalmente descansar ao ver a si mesmo no belo. O panorama encontrado na discorrida pesquisa aponta o conteúdo pornográfico como plano para inúmeras experiências que, infelizmente, podem tornar-se referência durante o processo de amadurecimento sexual. Assim, fisicamente, há a disforia do adolescente com seu corpo e a inquietação de tê-lo como desejável tal qual visto pelo mesmo. Emocionalmente, a interferência da pornografia  acontece quando aquele cenário passa a ser também um local para autoidentificação. Ademais, não é necessário viver uma experiência para obrigatoriamente possuir conhecimentos e desenvolver conceitos sobre ela. Isso pode ser feito através do processo de imaginação, o que ocorre desde os primórdios da sociedade. Hoje é dispensável jogar-se de um lugar alto para saber que a queda guarda a morte. Essa noção pode ser desenvolvida pelo próprio observador. Logo, quando faz acesso a conteúdos audiovisuais pornográficos, o pré-adolescente vê e ouve algo que provavelmente não irá vivenciar, porém através de sua imaginação terá reações e memórias conclusivas sobre esses estímulos. Se faz necessário relembrar que também há a possibilidade do acesso a vídeos de abuso infantil, estupros coletivos, entre outros. Entendendo a pré-adolescência como uma fase anterior ao “adulto” esses traumas são carregados e se apresentam no dia a dia do mesmo. Podendo incentivar o machismo, assédio, estupro, pedoficial e a normalização de demais atos criminosos.

Biografia do Autor

Silvania Regina Pellenz Irgang, Universidade Federal da Fronteira Sul

Mestre em Educação, Especialista em Gestão Escolar, Pedagoga pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Professora da UFFS campus Erechim.

Publicado
13-10-2022