A um clique do trauma
O acesso a pornografia na pré-adolescência
Resumo
Devido à globalização, facilitadora na disseminação de informações, e o anonimato do mundo virtual, o acesso a conteúdos pornográficos tem se tornado cada vez mais frequente e precoce, em foco na faixa etária que engloba pré-adolescência. Visto os problemáticos e evidentes comportamentos recorrentes dessa aproximação, a referida produção investiga como o acesso precoce aos conteúdos pornográficos, na internet, interferem no desenvolvimento e manifestam-se em pré-adolescentes de 11 a 13 anos. Neste ínterim, a pesquisa discorre da abordagem qualitativa, de cunho bibliográfico. Listam-se os autores estudados e referenciados: Brolezzi (2015), Hald e Malamute (2015), Lins (2012), Minayo (2012), Rappaport (1981), entre outros. A pré-adolescência é tempo de diversas transformações físicas e intelectuais decisivas para a vida adulta, logo que é neste período que o pensamento abstrato toma forma. Essa desenvolução não se mostra de maneira linear, as experiências acumulam-se umas sobre as outras gerando modificações no compreender a si mesmo e aos outros. Nesse momento, a instauração de padrões é afetada, pois não havendo identificação permanente em sua própria figura, o jovem busca alterações para finalmente descansar ao ver a si mesmo no belo. O panorama encontrado na discorrida pesquisa aponta o conteúdo pornográfico como plano para inúmeras experiências que, infelizmente, podem tornar-se referência durante o processo de amadurecimento sexual. Assim, fisicamente, há a disforia do adolescente com seu corpo e a inquietação de tê-lo como desejável tal qual visto pelo mesmo. Emocionalmente, a interferência da pornografia acontece quando aquele cenário passa a ser também um local para autoidentificação. Ademais, não é necessário viver uma experiência para obrigatoriamente possuir conhecimentos e desenvolver conceitos sobre ela. Isso pode ser feito através do processo de imaginação, o que ocorre desde os primórdios da sociedade. Hoje é dispensável jogar-se de um lugar alto para saber que a queda guarda a morte. Essa noção pode ser desenvolvida pelo próprio observador. Logo, quando faz acesso a conteúdos audiovisuais pornográficos, o pré-adolescente vê e ouve algo que provavelmente não irá vivenciar, porém através de sua imaginação terá reações e memórias conclusivas sobre esses estímulos. Se faz necessário relembrar que também há a possibilidade do acesso a vídeos de abuso infantil, estupros coletivos, entre outros. Entendendo a pré-adolescência como uma fase anterior ao “adulto” esses traumas são carregados e se apresentam no dia a dia do mesmo. Podendo incentivar o machismo, assédio, estupro, pedoficial e a normalização de demais atos criminosos.
Copyright (c) 2022 Vanessa Regina Trentin Zoraski, Silvania Regina Pellenz Irgang
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