O grupo de estudos do PET Práxis como encruzilhada

por uma pedagogia da pergunta engajada

  • Guilherme José Schons UFFS https://orcid.org/0000-0002-9498-4164
  • Francis Felipetto Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Lindaura Simone Andrade dos Santos Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Thiago Ingrassia Pereira Universidade Federal da Fronteira Sul
Palavras-chave: presença, transgressões, inter-relação

Resumo

Este resumo se propõe a pensar sobre a importância do grupo de estudos no desenvolvimento das atividades do PET Práxis. Assim, julga-se adequado o movimento no sentido da compreensão de um panorama dos blocos de leitura e debate construídos ao longo do período foco de inquirição deste texto, qual seja, o ano de 2022. Em um processo coletivo e participativo de definição dos temas de discussão, iniciou-se o ano (fevereiro e março) com o estudo da tese de doutorado “Exu e a pedagogia das encruzilhadas”, de Luiz Rufino, defendida no PPG em Educação da UERJ. Assim, em aliança com o campo da epistemologia das macumbas, houve a proposição de um exercício de esculhambação do carrego colonial – apreendido como reminiscência, continuidade e produção da violência e da barbárie perpetradas pela máquina de morte engendrada nas bandas de cá do Atlântico pelo racismo/capitalismo/patriarcado e a cisheteronormatividade binária. Ao transgredir fronteiras – inclusive aquela entre teoria e prática, algo importante para um grupo PET que se nomeia como Práxis –, o autor tensiona a arrogância da modernidade ocidental pelas frestas e mediante estripulias e se associa a autores típicos dos pensamentos decolonial, pós-colonial e anticolonial. Em todo caso, ao recorrer-se a Exu enquanto símbolo do saber afrodiaspórico que ascende das encruzilhadas, das esquinas e dos terreiros – pensados como locais abertos a possibilidades de encantamento do mundo a partir dos catedráticos das ruas – mais do que um “giro decolonial”, fez-se um “rolê epistemológico” que culminou em um ebó: circulou-se pelas teorias e delas houve apropriação para cuspir de maneira transformada. Trata-se de um projeto poético, político e ético no qual rompe-se com o cânone ocidental para permitir que o conhecimento incorpore os corpos; que esteja-se em diálogo com os saberes da espiral do tempo e por caminhos pluriepistêmicos e polirracionais. No bloco subsequente, em abril e maio, o coletivo comprometeu-se na análise das relações entre o vírus – que, em um genocídio, matou 700 mil brasileiros – e a educação. Para tal, houve recurso ao ensaio “A cruel pedagogia do vírus”, do português Boaventura de Sousa Santos. Posteriormente, leu-se a obra “Por uma pedagogia da pergunta”, livro dialogado de Paulo Freire e do chileno Antonio Faundez. Entre tantas reflexões àquela altura constituídas, destaca-se a potência do título: Freire e Faundez rechaçam as educações bancárias da resposta calcadas em uma concepção nutricionista do saber. Nesse quadro, a curiosidade é colocada no centro de qualquer dinâmica educativa e leva, desejavelmente, a uma escola pela crítica – e não para a conformação –, pela emancipação – jamais para a resignação, seja com o capitalismo neoliberal, seja com as ditaduras que levaram os autores ao exílio na segunda metade do século XX. Neste instante, o grupo está dedicado à investigação da pedagogia engajada do movimento negro educador através dos livros “Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade”, de bell hooks, e “O movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação”, de Nilma Lino Gomes – em que reivindica-se uma educação antirracista que forme comunidades de aprendizado entusiasmadas.

Publicado
13-10-2022