O estado do conhecimento das teses e dissertações sobre mediação e didática na educação de pessoas jovens, adultas e idosas no Brasil

Resumo

Esta pesquisa faz parte de investigação mais ampla, ainda em andamento, a qual envolve uma rede luso-brasileira de pesquisadores(as) e que, na UFFS, atua por meio do Grupo de Pesquisa em Educação de Pessoas Jovens, Adultas e Idosas (GEPEJAI). O trabalho tem como mote os alertas para o fato de que os estudos acadêmicos denunciam práticas de EJA que não correspondem às suas particularidades e à necessidade de condições de formação docente correspondentes às suas exigências. À vista disso, o projeto “Mediação e Didática: um estudo genealógico e cartográfico da produção acadêmica da Educação de Pessoas Jovens e Adultas no Brasil” almeja elaborar e apresentar uma genealogia e cartografia conceitual, analítica e interpretativa sobre “mediação” e “didática” na EJA, bem como desenvolver sínteses e conclusões de acordo com a apresentação dos dados, situando abordagens, fundamentos teórico-metodológicos e aprofundamento dos(as) principais autores(as) e bases epistemológicas que referenciam as pesquisas analisadas. O exame praticado parte de uma abordagem quanti-qualitativa com ênfase na arguição bibliográfica-exploratória mediante a análise de conteúdo – por meio do qual se quis estudar o território de produção científica associada ao campo da educação de pessoas jovens e adultas, com foco no tema da mediação e da didática. Em uma busca avançada na consulta da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e com base em uma leitura flutuante dos resumos dos trabalhos para fins de refinamento, chegou-se a quatorze resultados. A partir de uma análise básica do corpus obtido, percebeu-se que 86% do dado era representado por dissertações (em face de 14% de teses), há um destaque para programas de pós-graduação de Unesp, UFRN e UFTM (com dois trabalhos cada), maior presença da região sudeste nas investigações e um crescimento de inquirições sobre o tema, com realce para 2018 (4 trabalhos), 2019 (2) e 2016 (2) – isso, ao mesmo tempo em que está nas agendas de pesquisa desde 2010. Indo além, através de um exame mais especializado das teses e dissertações, pode-se destacar, pelo menos, três questões. São elas: 1) embora o número de trabalhos seja pequeno, há uma grande diversidade entre eles (em termos de temas, sobretudo); 2) existe um impasse, já identificado pela literatura, entre a EJA ser um “espaço de investigação” onde simplesmente se aplica um método disciplinar ou, então, um “objeto de pesquisa” com características próprias e, por isso, formador de um campo específico; 3) são pouquíssimas as teses e dissertações que debatem exatamente o que seja “mediação”, prevalecendo, portanto, a noção de que o termo, assim como “didática”, possa se qualificar sozinho. Dessa forma, reivindica-se ser necessário um conjunto de novas pesquisa que definam mediação e didática partindo do campo da educação de pessoas jovens, adulas e idosas. A prática educativa nessa modalidade exige tais investigações.