A PRODUÇÃO DE ESPAÇOS PÚBLICOS

REFLEXÕES ENTRE ÁFRICA E BRASIL

  • Cila Fernanda da Silva Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • Murad Jorge mussi vaz
  • Daniella Reche

Resumo

Resumo: O presente resumo apresenta os desdobramentos da pesquisa intitulada “A produção de espaços públicos – reflexão entre África e Brasil”, desenvolvida ao longo de 2018 e 2019, no curso de Arquitetura e Urbanismo - UFFS Campus Erechim. A pesquisa desenvolveu-se através de questionamentos acerca da produção dos espaços públicos em países que possuem influência do processo de urbanização português, decorrentes do período colonial, tendo como objeto de estudo Brasil e Moçambique. As etapas iniciais da pesquisa foram dedicadas à obtenção e catalogação de material bibliográfico e à criação de uma rede de pesquisadores brasileiros, portugueses e moçambicanos. Ressalta-se a lacuna existente nos estudos relativos aos espaços públicos africanos e os poucos (ou inexistentes) pesquisadores que se debruçam sobre a temática. A partir disso, foram realizadas viagens de estudos para Maputo – capital de Moçambique, que trouxeram maior clareza sobre as dinâmicas territoriais da cidade e reforçou os contatos com pesquisadores e instituições de ensino públicas e privadas. A trajetória histórica espacializada observada apresenta-se e constitui-se em fatores culturais, políticos e socioeconômicos, pois produziu (ou induziu) duas formas de cidade: a cidade de caniço, repleta de autoconstruções e carência de serviços, e a cidade de cimento, de traçado colonial com forte interesse turístico (termos atualmente em desuso pela alta carga simbólica). Atualmente, ocorrem investimentos nas áreas centrais em detrimento dos demais bairros, que sofrem com carência de infraestrutura e serviços básicos e cuja população, cotidianamente, desloca-se para obter meios de sobrevivência através de trabalho (formais e informais). Tal característica apresenta-se também em cidades brasileiras, nas quais a exclusão e segregação são fortemente marcadas em sua morfologia urbana, que por meio da transposição de barreiras originam pontos de contato, intersecções e trocas, geralmente em espaços públicos. Em Maputo a reflexão crítica sobre a formação dos seus espaços públicos não é tão evidente, pois as rupturas e distâncias físicas e simbólicas adquirem outra significação e escala em seu contexto. Nesse sentido, vivenciar o espaço público em Maputo, para além das pesquisas e análises científicas, permitiu reconhecer formas espaciais diversas vinculadas à ideia de espaços de trocas, encontros, conflitos e sobrevivência.

 Palavras-chave: Moçambique. Urbanização. Colonização.

Publicado
18-09-2019
Seção
Campus Passo Fundo - Projetos de Pesquisa