DESAFIOS E POTENCIALIDADES DE SER PRECEPTOR DO PET-SAÚDE INTERPROFISSIONAL:

RELATO DE EXPERIÊNCIA

  • Leandra Oliveira Porto Secretaria de Saúde
  • Graciela Soares Fonsêca Universidade Federal da Fronteira Sul/Campus Chapecó
  • Manoela Winter Vier Secretaria de Saúde de Chapecó
  • Larissa Hermes Thomas Tombini Universidade Federal da Fronteira Sul/Campus Chapecó

Resumo

Com objetivo de qualificar a formação em saúde a partir da integração entre ensino-serviço-comunidade envolvendo docentes, estudantes de graduação e profissionais de saúde, foi criado em 2008, o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde). Desde então, 9 edições foram propostas, sob diferentes temáticas. A edição 2019 tem como eixo central o tema da Educação Interprofissional em Saúde. No Brasil, foram aprovados 120 projetos, no entanto apenas uma no país tem caráter interinstitucional envolvendo 3 instituições de ensino superior, a proposta PET-Saúde Interprofissionalidade UFFS/ UNOESC/ UDESC/ Secretaria da Saúde de Chapecó. Este trabalho objetiva relatar a experiência vivenciada pelos preceptores/profissionais do serviço em um grupo tutorial, durante o desenvolvimento desta proposta interinstitucional PET-Saúde Interprofissionalidade. As atividades iniciaram em abril de 2019. Entre estas, a realização de imersões longitudinais na realidade/rotina dos serviços ganha destaque, ao aproximar de maneira efetiva estudantes e docentes dos espaços da prática. Entre abril e julho/19, ocorreram imersões regulares (05) no cenário de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município de Chapecó-SC, envolvendo tutores/docentes, preceptores/profissionais e estudantes, todos de diferentes áreas de formação. O preceptor em atuação na referida UBS atuou como "anfitrião", ordenando o desenvolvimento das atividades no local. As dinâmicas foram organizadas em cinco momentos: apresentação da UBS e seus indicadores de saúde; visita ao território e espaços sociais, com diagnóstico local; entrevista com usuários; reconhecimento dos processos de trabalho dos diferentes profissionais que atuam na Estratégia Saúde da Família (ESF) e Núcleo Ampliado (NASF) e; visita a um serviço de atenção especializada, o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPS AD III). No desenvolvimento das atividades de preceptoria, levantou-se com os acadêmicos e tutores, a necessidade de revisão de temáticas referentes à Atenção Básica em Saúde, tais como indicadores de saúde prioritários, prontuário eletrônico, visita domiciliar, conceitos de território, ESF e NASF, em conjunto com as atribuições das diferentes categorias profissionais que atuam nos serviços. Foi observado 'se' e 'como' estes profissionais da saúde realizam ações interprofissionais durante o atendimento ao usuário. Ainda, emergiram desafios para quem estava como preceptor "anfitrião", tais como a interrupção da equipe assistencial para solucionar problemas de usuário, a busca do usuário por atendimento com o profissional/preceptor, questionamentos sobre modelo ideal e real dos processos de trabalho, fluxos de trabalho, entre outros. Com o propósito de inserir os acadêmicos nas atividades de rotina dos serviços de saúde, o PET-Saúde Interprofissionalidade provoca os sujeitos/profissionais a repensarem o modo de fazer saúde no Sistema Único de Saúde. Assim, as reuniões para discussões das dinâmicas e orientações proporcionaram autoconhecimento dos profissionais/preceptores enquanto atores e autores do processo de ensino-aprendizagem. Considera-se relevante a experiência de planejamento, organização e execução das atividades com vistas a transferência de conhecimento teórico-prático e o despertar para a responsabilidade dos serviços na formação profissional dos acadêmicos. Na percepção dos preceptores, o PET-Saúde desponta como um potente dispositivo para induzir processos de educação permanente e desenvolvimento profissional no serviço, o que contribui para o estabelecimento de práticas colaborativas em saúde.

Publicado
25-09-2019
Seção
Campus Chapecó - Projetos de Extensão e Cultura