VARIAÇÃO NA EXPRESSÃO TEMPORAL EM CARTAS PESSOAIS “DE ADEUS” DO OESTE DE SANTA CATARINA, BRASIL

  • Marilita Dias Duarte Universidade Federal Fronteira Sul UFFS Campus Chapeco
  • Cláudia Andrea Rost Snichelotto UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL (UFFS)

Resumo

Vários estudos têm atestado a possibilidade de variação entre formas verbais que desempenham a mesma função semântico-discursiva no português falado e escrito no Brasil. Porém, a maioria das gramáticas tradicionais sequer fazem referência a essa variação. Nesta comunicação, com base na Teoria da Variação e Mudança (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 1968; LABOV, [1972] 2008), apresentamos resultados parciais de uma pesquisa em andamento sobre a variação nas construções que indicam tempo em cartas pessoais do Oeste de Santa Catarina. A amostra é constituída por 23 cartas escritas em português nos anos de 1970 a 1990 e foi extraída de inquéritos policiais, coletados no Centro de Memórias do Oeste (CEOM) de Chapecó – Santa Catarina. As cartas pessoais de “adeus” seguem o mesmo padrão estrutural das cartas pessoais, entretanto, possuem um objetivo comunicativo diferenciado (ELY, 2019). Esta pesquisa se inscreve em um projeto maior em desenvolvimento, intitulado “A escrita da região oeste de Santa Catarina: variação e mudança linguística”, aprovado pelo Edital de Chamada Pública FAPESC nº 03/2018 fomento à Pós-Graduação stricto sensu da UFFS. Trata-se de uma iniciativa proveniente de pesquisadores da linha Estudos Sociolinguísticos do Grupo de Pesquisa (GP) Estudos Sociolinguísticos e Interfaces do PPGEL da UFFS. Certificado pela UFFS e pelo CNPq, este GP orienta-se para o desenvolvimento de pesquisas sobre fenômenos em variação e/ou mudança linguística do português brasileiro, em amostras sincrônica e diacrônica, na Mesorregião Grande Fronteira do Mercosul e adjacências. O levantamento de dados da amostra permitirá identificar as propriedades formais e funcionais das construções que motivam a expressão variável de tempo em português escrito.

Biografia do Autor

Marilita Dias Duarte, Universidade Federal Fronteira Sul UFFS Campus Chapeco

O objetivo geral deste trabalho é analisar as concepções de desenvolvimento num contexto de mandonismo local, mais especificamente, no município de Chapecó, no período de 1950-1969. Entre os objetivos específicos do trabalho, destacamos a concepção de desenvolvimento presente na gestão do ex-prefeito de Chapecó, Sadi José de Marco, cassado durante o governo militar, fazendo um levantamento das suas ações administrativas, no período de1965 a 1969. Metodologicamente trabalhamos complementarmente o quantitativo e o qualitativo, ressaltando-se a realização de entrevistas com lideranças políticas da época, a pesquisa documental em atas do Legislativo local e no jornal a Folha d’Oeste. Nos anos 60, Chapecó estava passando por uma mudança significativa na economia local, pois vinha da década de 30, ligada ao setor madeireiro e entra na década de 60 no ciclo agroindustrial. Tendo como impulso a realização da 1ª. EFAPI (Exposição Feira Agropecuária e Industrial), juntamente com as comemorações dos cinquenta anos do município em 1967, se intensificam na gestão de Sadi de Marco, as práticas administrativas sistemáticas voltadas para o “engrandecimento” da cidade, dentro de uma concepção positivista. Entre as ações realizadas sobressaem-se as de urbanização, entre elas, a iluminação a mercúrio da avenida Getúlio Vargas e o calçamento das ruas no centro da cidade. Na educação, a construção de 30 escolas no interior do município e a contratação de professores para suprir a demanda. Destacam-se ainda as obras de conclusão da rodovia Goio-Ên, a ampliação do aeroporto, a construção de redes telefônicas no interior, a construção da nova rodoviária e obras relacionadas ao abastecimento de água do município previstas em 1968 para as décadas seguintes, com a preocupação de suprir as necessidades de uma população de 300.000 habitantes. Seguindo uma perspectiva desenvolvimentista Sadi de Marco conseguiu em pouco tempo ser reconhecido como um administrador competente e honesto, projetando-se enquanto liderança política no âmbito regional e estadual e gerando desconforto e ameaça no campo político. O estilo de gestão do jovem prefeito serviu como um “elo” de ligação entre situação e oposição, juntamente com a elite local, em torno do progresso e desenvolvimento de Chapecó, mas também contribuiu para aumentar os conflitos políticos locais que ocorreram nesse período e interferiram na sua cassação. A suspensão dos direitos políticos e a cassação do mandato de Sadi José de Marco em 29 de abril de 1969 não envolveu um processo da Câmara de Vereadores, onde foram abertas várias Comissões de Inquérito para apurar atos administrativos do prefeito e sim uma decisão divulgada pelo Governo Federal, por meio da imprensa, mais especificamente no programa "A Voz do Brasil”. Na ótica dos militares, o ex-petebista Sadi de Marco, que em diversas oportunidades fez críticas ao governo militar, representava uma ameaça a Segurança Nacional.

Publicado
28-08-2019
Seção
Campus Chapecó - Projetos de Pesquisa