ANEMIA MEGALOBLÁSTICA EM PACIENTE IMIGRANTE: RELATO DE CASO

  • Gabriela Rodrigues da Mota Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Sergio Koji Miyano Filho
  • Carmelia Camille Ballardin Geara
  • Camila de Brum Scalcon
  • David Matheus Viana de Moraes
  • Flávio Lacerda Miranda
  • Tainara Tonatto
  • Cristiane Zanotelli
  • Leocadia Felix de Araujo
  • Lucas Souza da Silva

Resumo

Resumo: A Anemia Megaloblástica caracteriza-se por um assincronismo de maturação e divisão celular, gerando células megaloblásticas, ou seja, com precursores eritroides maiores do que o normal. A deficiência dos folatos e de vitamina B12 são duas grandes causas para o desenvolvimento dessa comorbidade. No aspecto social, a prevalência da doença, portanto, acaba sendo maior em determinados grupos: idosos, alcoólatras e em classes mais vulneráveis economicamente, cuja alimentação possui menor valor nutricional. Diante desse contexto, este relato aborda a questão da Anemia Megaloblástica em paciente senegalês, levando em conta suas dificuldades, não apenas socioeconômicas, mas, também, culturais. Paciente adulto, sexo masculino, 40 anos, chega à emergência com queixa de dor abdominal difusa, diarreia há uma semana e perda ponderal de 11kg em sete meses. Refere astenia progressiva, parestesia em membros inferiores com piora há duas semanas. No exame físico, refere desconforto à palpação e percussão difusa abdominal. Exame neurológico sem alterações. A comunicação foi dificultada pelo idioma do paciente, sendo traduzida sua situação pela esposa, que também tinha certa dificuldade para se comunicar. Conduta inicial foi a reposição volêmica, analgesia e solicitado exames complementares, sendo evidenciado anemia macrocítica com plaquetopenia e neutropenia leve, além de vitamina B12 diminuída; Paciente apresentando as provas de hemólise alteradas (desidrogenase lática aumentada, bilirrubina às custas de indireta e reticulocitose) e presença de neutrófilos hipersegmentados na revisão da lâmina de sangue periférico. Foi realizada endoscopia digestiva alta, com diagnóstico de pangastrite atrófica e colite autolimitada. A hipótese foi de anemia megaloblástica, esta, com tratamento iniciado imediatamente, sendo a conduta a reposição de vitamina B12 e ácido fólico. Discussão: Houve dificuldade quanto a realização da anamnese e exame físico do paciente, uma vez que havia uma diferença cultural importante, tendo o idioma como principal obstáculo. A questão religiosa também esteve presente, pois o paciente é islâmico, possuindo uma dieta restrita quanto ao consumo de carne, reduzindo, ainda mais, o consumo de dieta com vitamina B12. Além disso, o trabalho desgastante e a vulnerabilidade econômica agravam ainda mais o problema do paciente que acaba priorizando a sua sobrevivência em detrimento de sua saúde e bem-estar. Portanto, é necessário um olhar humanizado para a população imigrante, uma vez que ela possui, muitas vezes, uma cultura totalmente diferente, o que a torna receosa quanto a procurar ajuda na questão de sua saúde. Soma-se o fato de já serem uma população de risco, pois já se pressupõe que tal população seja vulnerável economicamente, sendo um dos motivos de sua imigração. 

Publicado
06-09-2019
Seção
Campus Passo Fundo - Projetos de Extensão e Cultura