ESCLEROSE MÚLTIPLA

  • Lucas Henrique Lopes Souza UFFS
  • Eduarda Vendrame
  • Jéssica Pasquali Kasperavicius
  • Sarah Gondim Santos Paulino
  • Victor Sussumu Kanematsu
  • Moacir Neto Barbosa
  • Ana Luísa Casado Brasil Dozza

Resumo

A Esclerose Múltipla (EM) é caracterizada pela desmielinização das fibras do sistema nervoso central, resultando em vários sinais e sintomas neurológicos. A etiologia da EM ainda não é bem definida, porém a hipótese mais aceita é de que essa doença apresenta predisposição genética e fator ambiental desconhecido, que dão início à desordem do sistema imunológico, sendo, por isso, considerada uma doença autoimune. Sua evolução é extremamente variável e imprevisível, podendo apresentar, num primeiro momento, curso remitente/recorrente e posteriormente apresentar curso progressivo. O tratamento tem como objetivo diminuir os sintomas e os sinais da Esclerose Múltipla. Relata-se o caso de uma paciente feminina, 35 anos, branca, professora, com ensino superior completo, natural de Ibiraiaras, procedente de Nova Prata (RS) e previamente hígida. Paciente interna no Hospital São Vicente de Paulo em 28 de julho de 2019, para investigação de quadro de disbasia súbita, evoluindo com paralisia facial periférica à direita, redução de força e nodulação dolorosa em região cervical. Refere visão turva à esquerda, presença de nistagmo rotatório. Os sintomas surgiram na semana anterior à internação. Ao exame físico se apresentava com pontuação 15 na Escala de Coma de Glasgow, pupilas isofotorreagentes, força grau III em membros inferiores e hiperreflexia simétrica. Relata que há 11 anos apresentou paralisia facial com sintomas sensitivos ipsilateral, porém houve remissão em menos de um mês. Em relação aos exames, a ressonância magnética encefálica, ecocardiograma e angiografia cervical e cerebral apresentavam-se sem alterações. Pesquisa de bandas oligoclonais ausentes. Eco transesofágico e hemograma sem particularidades, hepatite B, C e HIV não reagentes, proteína C reativa normal, VDRL negativo, tempo de protrombina, KPTT normais e eletrólitos normais. As hipóteses diagnósticas anteriormente eram de Acidente Vascular Encefálico de tronco ou um surto de Esclerose Múltipla. Houve melhora progressiva da paresia direita e equilíbrio, com posterior alta hospitalar no dia 8 de agosto de 2019. Quando as manifestações clínicas sugerem a presença de lesões no sistema nervoso central e não existe explicação clara para os sinais e sintomas apresentados, utiliza-se o critério de McDonald para diagnóstico de EM. Nele, é levado em consideração o número de manifestações clínicas que evidenciem uma lesão no sistema nervoso central de maneira clinicamente objetiva. Uma ressonância magnética também pode ser feita como exame complementar. Apesar de ser útil para tal diagnóstico quando há suspeita clínica, esse critério não deve ser utilizado para distinguir a EM de outras doenças neurológicas.  Sabe-se, portanto, que a Esclerose Múltipla não possui o mesmo padrão de comportamento fisiopatológico, tornando-se incompreendida em muitos casos. Nesse sentido, faz-se necessário um aperfeiçoamento nos seus critérios diagnósticos, bem como uma melhor clareza e visibilidade dos múltiplos cenários existentes da doença. Posto isso, no caso apresentado, deve-se atentar para o fato que a paciente apresentou, há 11 anos, paralisia facial à direita com sintomas sensitivos ipsilaterais. Ressalta-se, por fim, que o diagnóstico é clínico, apoiado por exames complementares juntamente a coleta da história clínica completa para proporcionar ao paciente o manejo adequado e o melhor prognóstico possível.

Publicado
06-09-2019
Seção
Campus Passo Fundo - Projetos de Extensão e Cultura