O CONTROLE DO DIABETES MELLITUS TIPO 2 E SUAS COMORBIDADES NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

  • Suélen Zanoni Bertuzzi Universidade Federal Fronteira Sul Passo Fundo
  • Maríndia Biffi
  • Ivana Loraine Lindemann

Resumo

Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) é uma doença crônica de alta morbimortalidade no Brasil e no mundo. Sua prevalência está aumentando aceleradamente devido ao aumento da expectativa de vida da população, urbanização e adoção de estilos de vida pouco saudáveis. Entres as consequências do diabetes estão as alterações macrovasculares, sendo as principais, o infarto agudo do miocárdio (IAM), o acidente vascular cerebral (AVC) e a doença vascular periférica (DVP). Já a síndrome metabólica (SM) é um conjunto de distúrbios metabólicos que representa um alto risco para o desenvolvimento de DM2 e de doenças cardiovasculares. Sua prevalência já atinge cerca de um quarto da população adulta mundial e é responsável por aumentar em 2 vezes o risco de morte e em até 5 vezes o risco para desenvolvimento de DM2. Por essas razões, os portadores de DM2 necessitam de cuidados contínuos, educação permanente e suporte para prevenção de complicações, sendo a educação em saúde, ofertada pelo apoio integral de uma equipe multiprofissional, uma das estratégias da atenção primária que pode contribuir para essa capacitação ao autocuidado e proporcionar o controle glicêmico mais adequado, além de reduzir a alta prevalência de complicações decorrentes da doença não controlada. O objetivo desse estudo foi caracterizar uma amostra de portadores de diabetes Mellitus tipo 2 de um município do interior do Rio Grande do Sul, avaliando a frequência dos desfechos de síndrome metabólica e de complicações cardiovasculares. Trata-se de um estudo transversal, incluindo pacientes que procuraram atendimento nas Unidades Básicas de Saúde no período de 01/01/2014 a 31/12/2018, cujos dados foram coletados em prontuários eletrônicos. Foram analisados prontuários de 341 pacientes e a prevalência de síndrome metabólica foi de 53% (IC95 47-59), com diferença significativa para idade e frequência de consultas na Atenção Primária de Saúde (APS). A prevalência de doença cardiovascular foi de 22% (IC95 18-27) com diferença significativa em relação a sexo (maioria homens), idosos, com tempo de diagnóstico a mais de 10 anos e frequência de consultas na APS trimestralmente. Conclui-se que a amostra apresenta características semelhantes às verificadas em outros estudos. Além disso, observou-se que frequência das complicações estudadas é inversamente proporcional à frequência de acompanhamento na APS, o que demonstra que quanto maior a frequência de consultas, melhor é o controle glicêmico dos pacientes portadores de DM2, sendo que o acesso a atendimento especializado e profissionais qualificados são diferenciais importantes para evitar as complicações dessa doença.

Publicado
06-09-2019
Seção
Campus Passo Fundo - Projetos de Ensino