REGULAÇÃO NEUROENDÓCRINA DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR

  • Felipe Ongaratto Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Victor Emanuel Miranda Soares UFFS
  • Leandro Henrique Manfredi UFFS

Resumo

O comportamento alimentar, em linhas gerais, organiza-se de forma a estabelecer uma homeostase energética tanto quantitativa quanto qualitativa. Para tanto, desenvolveu-se uma forte integração entre os mais diversos centros controladores da ingesta alimentar e balanço energético. Embora esses mecanismos sejam capazes de realizar uma regulação energética eficaz, eles podem ser sobrepostos por hábitos alimentares erráticos, por um estilo de vida sedentário e por um cotidiano estressante. A obesidade, uma das consequências desse comportamento, despontou como uma epidemia mundial. A exemplo de diversos países, o Brasil viu sua taxa de obesos crescer de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016, ou seja, praticamente um em cada cinco brasileiros encontra-se acima do peso. Além disso, neste último ano, inferiu-se que mais da metade da população brasileira se enquadrava em algum tipo de obesidade. Sabe-se que essa condição frequentemente se vincula a condições clínicas como dislipidemia, diabetes, hipertensão e hipertrofia ventricular esquerda (sendo os dois últimos sabidos fatores de risco coronariano), o que torna essa condição um verdadeiro problema de saúde pública. Embora o agravo seja facilmente identificado, sua etiologia nem sempre se restringe a uma ingesta calórica excessiva, ou seja, é uma desordem multifatorial que resulta da interação de fatores genéticos, endócrinos e ambientais, hábitos de vida e condições emocionais. Nesse sentido desenvolveu-se uma revisão narrativa de literatura através da consulta a artigos científicos selecionados através de buscas nos bancos de dados PUBMED e SCIELO. O objetivo desse trabalho foi discorrer sobre as diversas vias regulatórias do comportamento alimentar, e como elas podem ser afetadas pelos macronutrientes, como lipídios e carboidratos presentes em determinadas dietas, pela prática de exercícios físicos e pelo estado emocional dos indivíduos, conferindo assim, uma visão ampliada dos fatores envolvidos nos mecanismos de controle da ingesta alimentar e do balanço energético. Como conclusão parcial, tem-se que uma dieta rica em lipídios é capaz de interferir na atividade de hormônios diretamente relacionados ao comportamento alimentar, como leptina e a grelina. Além disso, verificou-se efeitos benéficos da prática de exercícios físicos sobre o balanço energético e o controle sadio da ingesta alimentar. Por outro lado, foi possível inferir que a elevação crônica dos níveis de cortisol, liberado em momentos de estresse físico e psicológico, age aumentando o desejo por alimentos altamente palatáveis e que, em sua maioria, possuem altos valores calóricos, contribuindo ainda mais para a prevalência da obesidade.

Publicado
25-09-2019
Seção
Campus Chapecó - Projetos de Ensino