PACIENTE COM HIPOGONADISMO HIPOGONADOTRÓFICO
RELATO DE CASO
Resumo
O hipogonadismo masculino é uma síndrome clinica que resulta da incapacidade de produzir concentrações fisiológicas de testosterona (T), quantidades normais de espermatozoides, ou ambas. Pode ser primário (ou hipergonadotrófico), quando a anormalidade se localiza nos testículos ou secundário (ou hipogonadotrófico), quando ocorre secreção deficiente de gonadotrofinas, consequente a distúrbio hipotalâmico ou hipofisário. O diagnóstico é baseado nos sinais e sintomas da deficiência androgênica associados a baixos níveis séricos de testosterona. Os sinais e sintomas variam conforme o período de início do hipogonadismo, sendo característico de início pré-puberal alterações referentes ao desenvolvimento e morfologia corporal como ginecomastia, hipodesenvolvimento testicular e infertilidade. No hipogonadismo de início tardio as alterações funcionais estarão mais presentes, sendo comum a perda de libido, disfunção erétil, baixa densidade mineral óssea, alterações de humor, fadiga, obesidade visceral e síndrome metabólica. Exames de imagem como tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética da região selar podem ser utilizados na investigação do hipogonadismo hipogonadotrófico. Neste caso, a avaliação também inclui dosagem de prolactina, avaliação dos outros eixos hipofisários, saturação de transferrina e ferritina (investigação de hemocromatose) e avaliação genética. O tratamento tem como objetivo restaurar os níveis fisiológicos de testosterona e melhorar a qualidade de vida dos pacientes e é realizado através da reposição de testosterona.
O caso clínico em questão é de A. S., masculino, 46 anos, funcionário público, solteiro, natural e procedente de Passo Fundo - RS encaminhado à consulta com especialista por diagnóstico de síndrome metabólica. À anamnese, o paciente relatou dificuldade para perder peso, sonolência, desânimo e falta de libido além de episódios de cefaleia durante o ato sexual há mais de 5 anos. Na história patológica pregressa apresenta deficiência visual desde criança, além de apneia do sono há 4 anos, para a qual utiliza CPAP. Negou uso de opioides, glicocorticoides ou anabolizantes. Negou anosmia ou hiposmia. Relatou uso de topiramato 25 mg /dia e floral para emagrecimento e libido. Tem filho de 14 anos de relacionamento anterior, porém suspeita que não seja o pai verdadeiro do mesmo. Exame físico com IMC 31 Kg/m2, circunferência abdominal de 106 cm. Exames laboratoriais com glicemia de jejum 102 mg/dL, 85 triglicerídeos 169 mg/dL, HDL 37 mg/dL, testosterona total 99 mg/dL (em outra ocasião de 70 mg/dL), testosterona livre calculada de 2,85 mg/dL, FSH 0,37 mUI/mL ( VR: 1,1- 8) , LH 0,85mUI/mL ( VR: 1,5 -9,3) e paratormônio 92,5 pg/mL (VR: 10 - 88), sem anormalidades nos outros eixos hipofisários, ultrassonografia de bolsa escrotal com testículos reduzidos de volume (12,2 cm3 à direita e 10,7 cm3 à esquerda) e densitometria óssea com baixa massa óssea em L1-L4. Níveis de prolactina e ferritina dentro da normalidade. Ressonância magnética de sela túrcica não demonstrou alterações. Os exames confirmaram o quadro de síndrome metabólica associado ao hipogonadismo central, com repercussões em massa óssea vertebral. Iniciado terapia de reposição de com Undecilato de testosterona injetável e citrato de clomifeno 50mg, para preservação de fertilidade, em dias intercalados. Atualmente segue em acompanhamento com especialista.
Copyright (c) 2019 Laíse Finatto Carvalho, Isabela Clara Keller Richter, Gabriel Martins Franco Santiago, Gabriel Herique Peres Pereira, Rafael Angelo Ribeiro Chiabai, Ciciliana Maíla Zilio Rech
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Editorial do XII SEPE e concordo que os direitos autorais, a ele referente, se torne propriedade do Anais da XII SEPE da UFFS.