DOENÇAS SISTÊMICAS ASSOCIADAS AO BULBO OCULAR

  • gilson correa lima UFFS
  • Gentil Ferreira Gonçalves

Resumo

Os olhos são considerados órgãos nobres na clínica Médica Veterinária, pois diversos distúrbios sistêmicos podem desencadear alterações oculares, com a progressão da doença. Em determinados distúrbios, os primeiros sinais clínicos são de caráter oftálmico, demonstrando a necessidade do conhecimento e associação destes quadros com o diagnóstico das mesmas.  A avalição oftálmica realizada de forma completa pode fornecer informações importantes sobre distúrbios endócrinos, inflamatórios, infecciosos e congênitos. O objetivo deste trabalho é chamar a atenção para as alterações oftálmicas que ocorrem no Diabetes mellitus, hiperadrenocorticismo e hipertensão, muito comum na rotina de cães e gatos. Além da hipovitaminose A, com maior frequência de sinais clínicos oftálmicos, em aves e répteis. O Diabetes Mellitus (DM) é caracterizado pela deficiência de insulina em níveis séricos, em consequência de distúrbios nas ilhotas do pâncreas exócrino. A hiperglicemia crônica induzida pelo DM provoca o espessamento progressivo das membranas basais dos capilares do organismo, afetando diretamente os olhos, levando ao desenvolvimento da retinopatia diabética. Ao exame de fundoscopia pode-se identificar vasodilatação e congestão dos vasos retinianos, além de angiogenese, edema macular e hemorragias. A catarata é outro sinal clínico muito comum em pacientes diabéticos. A glicose convertida em sorbitol se acumula no humor aquoso e na lente, levando a destruição e opacificação das células lenticulares. A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é caracterizada pelo aumento da pressão sanguínea arterial sistólica e/ou diastólica. Muitas são as causas desta enfermidade, bem como suas complicações. A retinopatia hipertensiva observada ao exame de fundoscopia cursa com edema, hemorragias e deslocamento da retina. O glaucoma secundário é outra consequência da HAS, sendo diagnosticado com exames de tonometria e gonioscopia. O hiperadrenocorticismo (HAC) é uma endocrinopatia caracterizada pela elevada concentração crônica de cortisol circulante. A hipertensão secundária ao HAC é responsável pelo desenvolvimento de hemorragia ocular e deslocamento de retina, sendo que muitas das vezes acontece de forma súbita, levando o paciente à cegueira irreversível. Ao exame de fundoscopia pode-se notar edema e hemorragias em torno do nervo óptico, além de afilamento arteriolar, tortuosidade vascular, entre outros sinais. A hiperlipidemia leva ao desenvolvimento do humor aquoso lipêmico, lipemia retinalis, e ceratopatia limpêmica. A hiperglicemia é outra implicação do HAC, estimulando o desenvolvimento de catarata, Diabetes mellitus e suas complicações. A hipovitaminose A é um distúrbio nutricional e metabólico comum na clinica de aves e répteis. A vitamina A é uma importante coenzima para a manutenção do epitélio do organismo. Sua deficiência leva ao desenvolvimento de blefarite, blefaroedema, blefaroespasmo, conjuntivite, xeroftalmia e hiperceratose das pálpebras. Torna-se importante o conhecimento de tais associações clínicas, na rotina de Oftalmologia Veterinária, para o diagnóstico precoce e tratamento eficiente dos distúrbios oftálmicos e sistêmicos.

Publicado
06-09-2019
Seção
Campus Realeza - Projetos de Pesquisa