DESIGUALDADES INTER E INTRARREGIONAIS DA TAXA DE LETALIDADE POR ACIDENTES DE TRABALHO EM SANTA CATARINA, NO PERÍODO DE 2002 A 2016.
Resumo
Segundo a legislação, acidente de trabalho é aquele que ocorre em seu exercício, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause perda ou redução de capacidade laboral. Esses acidentes representam grave problema econômico, social e de saúde pública, pois acometem pessoas em idade produtiva e, muitas vezes ocasionando afastamentos da função laboral ou, nos casos mais graves, a morte do trabalhador. Taxa de letalidade é a proporção de óbitos por uma doença ou agravo à saúde e o número total de doentes ou pessoas que sofreram o referido agravo no mesmo local e período. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi analisar a taxa de letalidade por acidentes de trabalho nos municípios catarinenses, entre 2002 a 2016 e identificar possíveis desigualdades regionais encontradas. Trata-se de um estudo ecológico, para o qual os dados de acidentes de trabalho e consequentes óbitos foram coletados na base de dados da previdência sobre acidentes de trabalho. As informações sobre óbitos gerais foram provenientes do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do DATASUS. O indicador foi construído utilizando-se o total de óbitos decorrentes de acidentes de trabalho, dividido pelo número de acidentes de trabalho ocorridos no período e calculada a porcentagem para cada um dos 295 municípios. Para organizar o banco de dados, utilizou-se o software Microsoft Excel. Para a espacialização das taxas de letalidade foi utilizado o software TabWin (DATASUS), onde as taxas foram agrupadas por igual frequência e apresentadas em cinco classes de dados. Os municípios também foram agrupados segundo a Região Geográfica Intermediária (RGI) e calculado o percentual daqueles que apresentaram taxa de letalidade superior a 30,77%, com a finalidade de comparar as regiões e identificar possíveis desigualdades inter e intrarregionais. Considerando o período estudado (2002-2016), os municípios que apresentaram a maior taxa de letalidade foram: Jardinópolis (76,92%), Água Doce e Brunópolis, ambos com 66,67% e Zortéa (60,61%). No mesmo período não ocorreram óbitos por acidentes de trabalho em 58 municípios catarinenses. Comparando as sete RGI de Santa Catarina (Blumenau, Caçador, Chapecó, Criciúma, Florianópolis, Joinville e Lages), identificou-se a região de Chapecó como a que apresentou o maior percentual de municípios (2,71%) com taxas de letalidade superiores a 30,77%, com relação ao total do estado. Ao observar as desigualdades intrarregionais, a região de Lages apresentou a maior proporção de municípios com os indicadores mais elevados (20,83% dos 24 que a compõem). As RGI de Criciúma, Florianópolis e Joinville apresentaram os percentuais inter-regionais mais baixos (0,34%) e Criciúma o menor percentual intrarregional (2,27%). A região de Caçador não apresentou município com o indicador. Os achados do estudo apontam para desigualdades regionais na letalidade por acidentes de trabalho, com a RGI Chapecó apresentando o maior número e proporção de municípios com piores indicadores inter-regionais e a RGI Lages para a proporção intrarregional. Estudos são necessários a fim de aprofundar as relações da letalidade e os setores econômicos nas RGI de Santa Catarina, buscando elucidar as desigualdades apontadas neste estudo exploratório, visto que a gravidade desses acidentes tem provocado elevado número de óbitos.
Copyright (c) 2019 José Afonso Pena Paes, Anderson Medeiros Sarte, Flora Nunes Alcantara, Lucas Dalmolin Lovatto, Marta Schmidt Pfaffenzeller, Paulo Roberto Barbato
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Editorial do XII SEPE e concordo que os direitos autorais, a ele referente, se torne propriedade do Anais da XII SEPE da UFFS.