Exercício Físico e a Neuroinflamação no Transtorno Depressivo Maior
Resumo
O transtorno depressivo maior (TDM) é um transtorno psiquiátrico associado a prognósticos variados, de desenvolvimento crônico e que induz qualidade de vida reduzida. Em todo o mundo mais de 300 milhões de pessoas possuem o TDM, número que cresce substancialmente aliado ao crescente risco de suicídio. Dentre os principais tratamentos farmacológicos estão os inibidores seletivos da receptação da serotonina e inibidores seletivos da receptação de noradrenalina, contudo, um fator que contribui significativamente para o agravo da doença é a resistência aos tratamentos farmacológicos disponíveis. Considerando isso, ainda há uma necessidade urgente de se desenvolver novas alternativas para o tratamento da doença. Diversos protocolos experimentais em humanos e animais têm destacado que a inflamação e a neuroinflamação são fatores biológicos relevantes que interagem com estímulos externos e mecanismos neurofisiológicos e podem desencadear o TDM. Está bem estabelecido que o exercício físico é eficaz no tratamento da depressão leve a moderada, com taxas de resposta comparáveis às terapias convencionais, como medicação antidepressiva e terapia cognitivo-comportamental. Vários estudos mostraram que o exercício físico é benéfico para uma série de doenças crônicas e, de fato, ele pode promover alterações moleculares que desviam um estado pró-inflamatório crônico para um estado anti-inflamatório, tanto na periferia quanto no sistema nervoso central. O objetivo desta revisão bibliográfica foi compilar e destacar as descobertas relevantes, mostrando a relação do exercício físico com os mecanismos biológicos envolvidos na inflamação e neuroinflamação e a função terapêutica no TDM. As alterações geradas pelo exercício físico incluem um aumento na expressão do gene PGC1α, um co-ativador transcricional do receptor ativado por proliferador de peroxissoma (PPARα/δ). Juntos, o PGC1α e o PPARα/δ, estão envolvidos na redução da síntese e liberação de citocinas pró-inflamatórias, e no aumento de citocinas anti-inflamatórias. O PGC1α altera o metabolismo da quinurenina, um dos metabólitos da via metabólica do aminoácido essencial L-triptofano e, por sua vez, reduz a neurotoxicidade glutamatérgica. Além disso, alguns estudos mostraram que o exercício físico promove alterações no circuito da neurotransmissão monoaminérgica, pelo menos em alguns aspectos, através dos efeitos da liberação de citocinas pró-inflamatórias. A expressão aumentada do gene PGC1α está relacionada com redução do estresse oxidativo e citocinas pró inflamatórias, tais como a interleucina 6 (IL-6) e fator de necrose tumoral α (TNF-α). Pesquisas recentes observaram que o exercício físico exerceu função terapêutica no TDM e também reduziu comportamentos tipo depressivos em animais de laboratório. Paralelamente, alguns estudos destacaram a função terapêutica do exercício físico, através do aumento da expressão do gene PGC1α, sua interação com a função do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), estresse oxidativo e neuroinflamação.
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