AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE UM EQUINO ESTABULADO

  • Fabiana Rankrape Universidade Federal da Fronteira Sul/Discente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Fronteira Sul campus Realeza - PR, bolsista do grupo PET - Medicina Veterinária/ Agricultura Familiar
  • Bianca De Fátima Dallo
  • Alessandra Kozelinski
  • Eduarda Carolina Rossoni
  • Denise Maria Souza de Mello

Resumo

Os equinos, antes da sua aproximação aos seres humanos, possuíam hábito de vida livre, vivendo em campos e pradarias, onde dedicavam grande parte do tempo com pastejo, gastando cerca de 16 horas do seu dia nessa atividade. A partir do momento que estes animais foram domesticados, passaram a ficar estabulados, adaptando-se a esta nova condição, o que acarretou em mudanças no seu comportamento. A avaliação do estado comportamental dos animais pode integrar meios de diagnóstico de comprometimento de bem-estar animal, para isso, técnicas como etograma podem ser empregadas. O objetivo do trabalho foi avaliar o comportamento de um cavalo estabulado. Para isso foi utilizada uma égua, da raça Crioula, estabulada no centro de tradições gaúchas (CTG), do município de Realeza/PR, utilizando o método de etograma, pela técnica de registro denominada animal focal, em que o objetivo é estudar o comportamento de animais que são facilmente observáveis a distância. Foram realizadas quatro observações, de 1h cada, entre as 17h45min às 18h45min. O animal ficava a maior parte do seu tempo em baia de madeira, com aproximadamente 10 metros quadrados. O fornecimento de água era ad libitum e a comida em horários específicos. Os observadores ficaram a certa distância da cocheira (aproximadamente 9 metros), sem que a égua percebesse a presença, anotando todos os comportamentos que o animal demonstrava. Foram identificados os seguintes comportamentos: mastigar, explorar, cauda levantada, defecar, trocar apoio, atenta ao ambiente, coçar, soprar, flatulências, interação de lamber e morder o cocho, beber água, movimento de urso. Alguns desses comportamentos são inatos e fisiológicos (mastigar, defecar, explorar) outros (lamber e morder cocho) podem sugerir estresse. Durante as observações, foi possível verificar com certa frequência apenas um comportamento estereotipado, os chamados movimentos de urso (se movimentar de um lado para o outro). As observações foram feitas no momento da alimentação do animal, portanto, 80% do período de observação a égua estava se alimentando, o que poderia justificar a ausências de observação de estereotipias. Equinos estabulados, ficam impedidos de desenvolver duas características naturais, de animais de vida livre: a convivência direta com outros animais e o tempo de pastejo. Ainda que o sistema de baias permita o contato olfativo, auditivo e visual, não permite o contato físico, necessário para a espécie. Com base nos dados das observações, pode-se sugerir que a estabulação de equinos altera o comportamento natural dos animais, aumentando o estresse, o que pode gerar comportamentos estereotipados. No entanto, para melhor compreensão desses fatores são necessários mais estudos, onde mais animais devem ser avaliados, durante diferentes momentos do dia, não apenas no momento da alimentação.

Publicado
27-08-2019
Seção
Campus Realeza - Projetos de Ensino