RESISTIR NO CAMPO

ETNOGRAFIA DAS PERFORMANCES POLÍTICAS DE JOVENS INDÍGENAS E SEM TERRA NO PARANÁ

  • Fernanda Marcon UFFS
  • Ana Lice Gonçalves
  • Diego Adão de Almeida Freitas
  • Maiara Andrade Ribeiro
  • Paola de Lima Roberto

Resumo

A presente proposta trata do desenvolvimento inicial de um projeto de pesquisa vinculado ao grupo de pesquisa “Antropologia, Jovens e Juventude”, da Universidade Federal da Fronteira Sul. O projeto objetiva a realização de uma etnografia a respeito das performances políticas de jovens indígenas e sem-terra no Paraná, buscando compreender a relação estabelecida por estes jovens a partir do vínculo com o contexto do campo, na luta por demarcação de territórios, acesso à terra e permanência no campo. Através da experiência como docente no curso de Licenciatura Interdisciplinar em Educação do Campo – Ciências Sociais e Humanas da UFFS, campus Laranjeiras do Sul-PR, observou-se a articulação política de jovens do curso em torno da luta por reconhecimento da educação do campo, tanto pela universidade quanto pelo governo estadual e municipal, além de questões e demandas relacionadas aos movimentos sociais a que se vinculam, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e movimentos indígenas com diferentes demandas, como demarcação de territórios e acesso à saúde e educação. Assim, pretende-se realizar a pesquisa de campo nos espaços em que desenvolvem-se as práticas políticas destes jovens de modo a compreender como se dá a articulação de suas demandas e quais as estratégias performativas de que lançam mão para a expressão das mesmas, observando, sobretudo, a intersecção de visões de mundo e modos de participar politicamente destes jovens do campo. A etnografia irá basear-se na observação de campo, realização de entrevistas com jovens que se autodeclarem como indígenas e jovens integrantes de movimentos sociais do campo, como o MST e o MPA, além de registros audiovisuais. Parte-se da concepção de que a etnografia constrói o campo de pesquisa a partir das experiências de seus interlocutores e não os delimita a espaços pré-determinados, seja a aldeia, o acampamento ou o assentamento. Tampouco limita-se ao espaço universitário, embora o conceba como um ponto de partida para a investigação. Entende-se que as práticas políticas não estão encerradas em espaços definidos, especialmente os espaços públicos, tradicionalmente entendidos como a esfera por excelência dos debates, das mobilizações e tomada de decisões. Em outras palavras, pretende-se observar as diferentes formas de fazer e perceber subjetivamente a política entre jovens indígenas e sem-terra no Paraná, particularmente entre os estudantes da UFFS. A pesquisa visa contribuir para uma compreensão mais ampla sobre a participação política dos jovens do campo, levando em conta sua diversidade de experiências sociais e culturais.

Publicado
18-09-2019
Seção
Campus Laranjeiras do Sul - Projetos de Pesquisa