DANDO VOZ ÀS CRIANÇAS

O CONSELHO DA CIDADE DAS CRIANÇAS NO DIAGNÓSTICO DE NOVOS TERRITÓRIOS EDUCATIVOS

  • Marilita Dias Duarte Universidade Federal Fronteira Sul UFFS Campus Chapeco
  • Alexandre Maurício Matiello UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL (UFFS)

Resumo

Este trabalho, resultado da conclusão de curso em Ciências Sociais, teve como ponto de partida um projeto de extensão na escola que se propôs ultrapassar os muros (in) visíveis que a cercam, envolvendo outros espaços que possam contribuir para uma formação integral efetiva. Objetiva-se aqui identificar, a partir da visão das crianças e do pesquisador, potenciais territórios educativos, que possam ser incorporados nas propostas de educação integral já desenvolvidas na escola, por meio da elaboração de um diagnóstico como cartografia social. A pesquisa foi realizada na Escola Parque Cidadã Cyro Sosnoski, no bairro Efapi, uma unidade da rede municipal de Chapecó, com as turmas do 4º e 5º ano do ensino integral, por meio da aplicação de dispositivos combinados e ressignificados no Conselho da Cidade das Crianças, com oficinas que serviram para que as crianças pudessem falar, participar e decidir. Foi possível identificar novos territórios educativos, resultando em um levantamento de suas impressões sobre o bairro e a cidade. Utilizou-se de uma abordagem qualitativa e multimétodos para analisar o material coletado nas oficinas, como transcrições de áudio, fotografias e notas de campo, sistematizando em tabelas que apresentam os resultados por cada turma permitindo a comparação das falas. Estes dispositivos contribuíram para fazer um diagnóstico dos territórios vividos pelas crianças, ajudando a mapeá-los e culminando com uma prospectiva de desejos e projetos de incorporá-los como potencialmente educativos. Destacam-se apontamentos para que, pelo pretexto dos territórios educativos, possa-se desenvolver uma cultura democrática participativa a partir das e com as crianças, onde elas sejam protagonistas e suas próprias porta-vozes. Este trabalho reflete como as crianças são capazes de avaliar coletivamente e de forma participativa as problemáticas cotidianas e inclusive formular propostas que contemplam suas necessidades, demonstrando uma maturidade em tratar temas como a representatividade, a responsabilidade governamental e o valor das suas opiniões.

Biografia do Autor

Marilita Dias Duarte, Universidade Federal Fronteira Sul UFFS Campus Chapeco

O objetivo geral deste trabalho é analisar as concepções de desenvolvimento num contexto de mandonismo local, mais especificamente, no município de Chapecó, no período de 1950-1969. Entre os objetivos específicos do trabalho, destacamos a concepção de desenvolvimento presente na gestão do ex-prefeito de Chapecó, Sadi José de Marco, cassado durante o governo militar, fazendo um levantamento das suas ações administrativas, no período de1965 a 1969. Metodologicamente trabalhamos complementarmente o quantitativo e o qualitativo, ressaltando-se a realização de entrevistas com lideranças políticas da época, a pesquisa documental em atas do Legislativo local e no jornal a Folha d’Oeste. Nos anos 60, Chapecó estava passando por uma mudança significativa na economia local, pois vinha da década de 30, ligada ao setor madeireiro e entra na década de 60 no ciclo agroindustrial. Tendo como impulso a realização da 1ª. EFAPI (Exposição Feira Agropecuária e Industrial), juntamente com as comemorações dos cinquenta anos do município em 1967, se intensificam na gestão de Sadi de Marco, as práticas administrativas sistemáticas voltadas para o “engrandecimento” da cidade, dentro de uma concepção positivista. Entre as ações realizadas sobressaem-se as de urbanização, entre elas, a iluminação a mercúrio da avenida Getúlio Vargas e o calçamento das ruas no centro da cidade. Na educação, a construção de 30 escolas no interior do município e a contratação de professores para suprir a demanda. Destacam-se ainda as obras de conclusão da rodovia Goio-Ên, a ampliação do aeroporto, a construção de redes telefônicas no interior, a construção da nova rodoviária e obras relacionadas ao abastecimento de água do município previstas em 1968 para as décadas seguintes, com a preocupação de suprir as necessidades de uma população de 300.000 habitantes. Seguindo uma perspectiva desenvolvimentista Sadi de Marco conseguiu em pouco tempo ser reconhecido como um administrador competente e honesto, projetando-se enquanto liderança política no âmbito regional e estadual e gerando desconforto e ameaça no campo político. O estilo de gestão do jovem prefeito serviu como um “elo” de ligação entre situação e oposição, juntamente com a elite local, em torno do progresso e desenvolvimento de Chapecó, mas também contribuiu para aumentar os conflitos políticos locais que ocorreram nesse período e interferiram na sua cassação. A suspensão dos direitos políticos e a cassação do mandato de Sadi José de Marco em 29 de abril de 1969 não envolveu um processo da Câmara de Vereadores, onde foram abertas várias Comissões de Inquérito para apurar atos administrativos do prefeito e sim uma decisão divulgada pelo Governo Federal, por meio da imprensa, mais especificamente no programa "A Voz do Brasil”. Na ótica dos militares, o ex-petebista Sadi de Marco, que em diversas oportunidades fez críticas ao governo militar, representava uma ameaça a Segurança Nacional.

Publicado
25-09-2019
Seção
Campus Chapecó - Projetos de Ensino