A INTERPROFISSIONALIDADE NOS CURSOS DE ENFERMAGEM DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICAS DA REGIÃO SUL

Resumo

Passados quase 30 anos da conquista de um sistema público e único de saúde no Brasil, ainda persistem desafios à sua consolidação conforme os princípios e diretrizes constitucionais. O Sistema Único de Saúde (SUS) segue com práticas fragmentadas e apresentando dificuldade para gerenciar os serviços ao atendimento das reais necessidades em saúde da população. Isso pode ser explicado, parcialmente, pelo caráter individual e competitivo das categorias profissionais dentro do ambiente de trabalho. Neste contexto, a educação interprofissional e conjunta dos futuros profissionais possibilita o aprendizado coletivo das diversas esferas que compreendem a integralidade na assistência à saúde, de modo que o reconhecimento das áreas se tornem predominantes à fragmentação. Como resultados promove-se a atuação articulada e integrada em equipe, por meio das práticas colaborativas nos serviços. Este trabalho objetiva identificar componentes curriculares ou disciplinas interprofissionais nos Projetos Pedagógicos Curriculares (PPC) dos cursos de graduação em enfermagem das Instituições de Ensino Superior (IES) públicas da região Sul do Brasil. Trata-se de um estudo qualitativo, de caráter exploratório, norteado por análise documental. Baseado nas IES que ofertam o curso de enfermagem, segundo os dados dispostos em sistema de busca no portal do Ministério da Educação, foram identificadas 18 cursos de graduação em enfermagem em IES públicas, 08 no Paraná, 04 em Santa Catarina e 06 no Rio Grande do Sul, dos quais 16 PPC foram encontrados nos sites das instituições. A partir da análise desse “corpus” foi identificado que somente 01 (uma) das instituições disponibiliza um componente curricular eletivo, com carga horária de 30 horas/aula, que divide a ementa em interprofissionalidade, fortalecimento na comunicação entre profissionais de saúde e, comunicação terapêutica e suas dificuldades. Outras 02 (duas) IES abordam a temática interprofissionalidade na ementa de alguns componentes curriculares. Nos demais PPC (13) , não foi possível identificar a inserção da interprofissionalidade, seja na análise das ementas, seja na busca pela palavra “interprofissionalidade” no texto do PPC. Pensando que os cursos de graduação em enfermagem objetivam formar enfermeiros capazes de identificar, analisar e intervir nas necessidades dos indivíduos, é de suma importância que compreendam que a assistência e atenção em saúde devem ser realizadas de maneira integral e permeada por práticas colaborativas, sem que haja fragmentação. Apesar do expressivo número de cursos de graduação em enfermagem no Sul do Brasil, a análise apontou para a ausência/incipiência de disciplinas ou componentes curriculares que abordem a interprofissionalidade em saúde, reafirmando a formação voltada ao saber único e específico do profissional enfermeiro. É necessário intensificar o movimento da educação interprofissional e estimular as IES a incluir iniciativas que visem a formação através de trabalho interprofissional, a fim de formar profissionais competentes para atuar frente a realidade e necessidades em saúde da população.