AS PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES DE CLASSE MÉDIA SOBRE O FILME “QUE HORAS ELA VOLTA?”

Resumo

O cinema é uma ferramenta que possibilita discussões e oportuniza conhecer outros pontos de vista. O filme “Que Horas Ela Volta?” (2015) traz a debate questões centrais da luta de classes e provoca reflexões sobre políticas públicas. Mas de forma esse cenário é visto por jovens de classe média, diretamente afetados pela Lei de Cotas? De onde parte o olhar desse jovem? Durante a primeira etapa desta pesquisa, foi aplicado um questionário exploratório, a fim de entender o contexto dos receptores, seguido de um cine fórum e grupo focal. Posteriormente, foram realizadas entrevistas de profundidade com alguns estudantes, uma forma de explorar e discutir o tema de forma mais aprofundada. Entre os dados obtidos, foi possível identificar que as meninas são maioria na turma, somando 2/3. Cerca de 93.94% dos receptores se definiram como brancos. A maioria dos estudantes é de classe média alta e 1/3 dos entrevistados possuem renda familiar superior a 12 salários mínimos (R$ 11.976,00). Todos têm acesso a internet em casa. Gostam de assistir filmes na Netflix e na TV fechada. 69.70% dos estudantes afirmaram que conhecem filmes brasileiros, em sua maioria, obras da Globo Filmes. Em relação ao filme, entenderam que o tema central era sobre classes sociais. Levando em consideração esses aspectos, foi possível perceber que o colégio não utiliza o cinema como uma ferramenta de educação. Nenhum dos estudantes associou a entrada da personagem Jéssica na universidade às políticas públicas. Para eles, ela é um caso “raro” de quem estuda muito. Meritocracia foi a palavra utilizada. Existe uma visão distorcida sobre a Lei de Cotas e a escola reforça isso. Jéssica também despertou divergências entre os estudantes, é vista como “desbocada” e “revolucionária” ao mesmo tempo. Após análise das respostas, foi possível concluir que o ambiente influencia a percepção de uma pessoa que, quando não entra em contato com o diferente, não o entende ou o exclui.