COMPLICAÇÕES DA DISTOCIA EM CADELA DEVIDO À SÍNDROME DO FETO ÚNICO – RELATO DE CASO
Resumo
Distocia é a dificuldade para expulsar o feto do útero pela vagina, sendo uma das principais causas de mortalidade neonatal. A síndrome do feto único predispõe essa alteração, visto que há baixa produção de cortisol fetal, prolongando o tempo gestacional sem desencadeamento do parto. Este trabalho tem por objetivo relatar o caso de uma cadela de oito anos, SRD e 5.2 Kg, que chegou para atendimento com histórico da presença de feto no canal do parto. A anamnese evidenciou início de trabalho de parto há três dias, sem expulsão de nenhum filhote. Após o exame físico realizou-se administração intravenosa de ceftriaxona (30 mg/Kg/IV), metronidazol (30 mg/Kg/IV) e fluidoterapia com Ringer lactato. Ao hemograma verificou-se discreta anisocitose, policromasia e hipocromia, neutrófilos com granulação tóxica, basofilia e presença de corpúsculo Howell Jolly, além de icterícia moderada. Não foram constatadas alterações no eletrocardiograma e a paciente foi encaminhada para cirurgia após cinco horas de estabilização. Realizou-se palpação vaginal com lubrificação e tração do feto, sendo removida apenas parte deste. Na sequência, realizou-se incisão retro-umbilical, ampliando-a cranialmente com tesoura de Mayo. Após a localização do ovário direito, rompeu-se o ligamento suspensório e aplicou-se a técnica das três pinças modificada no complexo arteriovenoso ovariano (CAVO) direito, seguido do esquerdo, com ligadura circular e transfixante e poliglactina 910 3-0. Realizou-se cesariana seguida da aplicação de sutura contínua simples não contaminante em dupla camada com fio poliglactina 3-0. Realizou-se ligadura circular e transfixante do corpo uterino, seguida de sutura de Cushing no coto com poliglactina 910 2-0. Observou-se sinais de peritonite, sendo a cavidade abdominal lavada com solução NaCl 0,5% a 37°C, seguida da síntese abdominal rotineira e curativo com clorexidine 0,5%. Paralelamente, em mesa auxiliar o útero foi aberto, e verificou-se tratar de feto único macerado. A paciente permaneceu internada no hospital e após foi encaminhada para internação em uma clínica veterinária particular, recebendo alta no dia seguinte ao procedimento. Após oito dias, verificou-se cicatrização da ferida cirúrgica e ausência de alterações clínicas. Considera-se de suma importância o acompanhamento gestacional para diagnóstico precoce do parto distócico, assim como da ocorrência de feto único, que predispõe a primeira, conforme observado neste caso. O histórico clínico dos partos anteriores; a estimativa da data do parto e o tempo gestacional pelo exame ultrassonográfico; o exame radiográfico a fim de definir o tamanho da ninhada e a pelvimetria são importantes para diagnóstico precoce dos riscos de distocia. No caso particular do feto único, no qual não há desencadeamento do parto nem sinais clínicos deste, torna-se importante a monitoração por meio de exames complementares, como o ultrassonográfico, a fim de evitar sofrimento materno e fetal, assim como a realização da intervenção cirúrgica em período indicado. Neste caso, devido ao estado avançado do quadro, observou-se morbidade materna e mortalidade fetal, que poderiam ter sido evitadas caso o acompanhamento gestacional tivesse sido realizado. Entretanto, obteve-se sucesso no tratamento aplicado à parturiente, que recuperou-se sem demais alterações.
Copyright (c) 2019 Jéssica Corrêa, Izabelle Moutinho, Victor Mendes de Oliveira, Adriellen de Lima da Silva, Gabrielle Coelho Freitas, Emanuel Caon, Naiara Alecsandra Haupt Dresch, Silmara Mazon, Fabíola Dalmolin
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