PRINCIPAIS ASPECTOS DA LINGUAGEM EM PORTADORES DE TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)
Resumo
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição que vem sendo estudada por pesquisadores desde os anos 40, quando Kanner e Asperger fizeram seus primeiros relatos. É caracterizado principalmente pela tríade de sintomas descritas nos manuais de diagnósticos (atual DSM-V), como isolamento social, distúrbio de comunicação verbal e não verbal, e repetição de movimentos e de fala, com início ainda na primeira infância. O presente trabalho objetiva descrever os principais desvios de linguagem apresentados pelos portadores de TEA, bem como suas dificuldades sociais frente a isso. Não há um sintoma específico no desenvolvimento da linguagem no autista; porém, o que se sabe é que o comprometimento no desenvolvimento linguístico é muito acentuado. A característica mais marcante no desenvolvimento da linguagem no autista é a multimodalidade de expressão comunicativa, podendo ocorrer desde o mutismo até formas combinadas de linguagem verbal e não verbal, que muitas vezes não constituem uma cadeia sonora lógica ao ouvinte. Dessa forma, o autista frequentemente é caracterizado como um indivíduo resistente à aquisição da fala, apresentando características dialógicas atípicas de um indivíduo sem o transtorno, como desvio de olhar e isolamento social. Além disso, outras características principais observadas na comunicação de portadores de Transtorno do Espectro Autista é a presença de ecolalia, escolha de palavras pouco usuais, discurso incoerente, crianças não responsivas a questionamentos e falta de comunicação eficaz. Um estudo realizado no ano de 2009 com 726 crianças autistas mostrou que destas, somente 159, ou seja, 22% da amostra total, apresentou linguagem vocal, sendo que apenas 40 crianças apresentaram linguagem verbal. Assim, o estudo observou que a maioria das crianças autistas utiliza a linguagem gestual para se comunicar, representando 72% dos que participaram da pesquisa. Intervenções precoces no transtorno do espectro autista têm se tornado uma prática cada vez mais frequente, visto que o diagnóstico tem sido feito cada vez mais cedo, a partir dos 18 meses de idade. A identificação tem sido feita basicamente por meio da observação de dificuldades particulares para interação social, como a falta de contato ocular e imitação motora. Ao ter o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista, muitas famílias se perguntam sobre a intervenção biopsicossocial mais efetiva para a criança ou o adulto em questão. Entretanto, não existe uma abordagem totalmente eficaz para todos os autistas e em todas as etapas da vida, sendo que cada abordagem deve ser feita de maneira individual e de acordo com a idade. Porém, o que se sabe é que quanto mais precoce forem o diagnóstico e as intervenções, melhor o prognóstico da pessoa que vive com esse tipo de transtorno, tanto no desenvolvimento social como no da linguagem.
Copyright (c) 2019 Cristina Caren Coghetto, Luana de Bem Giareta, Gabriela Rigon Martinazzo, Bruna Chaves Lopes, Athany Gutierres
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