SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES PARA VALORIZAÇÃO DAS ÁGUAS E DA MEMÓRIA EM ARATIBA-RS

Resumo

A pesquisa constitui parte de um trabalho final de graduação e ampara-se nos conhecimentos das ciências sociais aplicadas, sobretudo do urbanismo, para estudar a possibilidade de estímulo à geração de empatia e identidade através do desenho urbano. Busca-se enlaçar a arquitetura, memória e espaços públicos utilizando o rio como ligação e a cidade de Aratiba-RS como local de estudo. Aratiba tem forte relação com os rios, cresceu e se desenvolveu às margens do Rio Novo, além de ser berço da Usina Hidrelétrica Itá. Porém, hoje esses vínculos encontram-se em desarmonia: o Rio Novo encontra-se quase invisível à cidade, canalizando e tamponando, enquanto o barramento do Rio Uruguai invade as terras e inunda as paisagens.  O desconhecimento da história local e a inadequação do uso e ocupação do solo agravam ainda mais a falta de identificação da população e subutilização da orla dos rios. O trabalho objetiva, portanto, resgatar a visibilidade das águas como símbolo indentitário da população através de um anteprojeto urbano de sistema de espaços livres, utilizando-se de espaços não-ocupados para trabalhar a conexão com a água. Busca-se a aproximação da população com as águas e com a história encoberta por elas a partir da valorização cultural, (re)conhecimento das paisagens perdidas e compartilhamento de saberes. Para isso, utilizou-se de uma combinação de métodos quantitativos e qualitativos: realizou-se a revisão da bibliografia teórica conceitual e histórica local; mapeamento e diagnóstico do recorte; pesquisa online e, desenho como ferramenta de representação gráfica. A pesquisa se propôs a analisar o recorte da área urbana a partir de condicionantes socioambientais, produzindo cheios e vazios e classificando-os quanto a ocupação. A partir dos cheios e vazios identificou-se os espaços livres que possuem relação com o rio e que se apresentam como oportunidade projetual nesse sistema. Esses espaços são analisados e categorizados a partir das influências que exercem na cidade e, com sua vocação definida e hierarquizada, os passos seguintes dessa pesquisa são em direção às formas de espacialização das ideias, com amparo da representação gráfica. O trabalho de recuperação dos rios aliado à valorização da memória depende da sensibilidade em analisar a paisagem e captar as abstrações. No caso de Aratiba, a perda das terras, das paisagens e da cultura local, exerce relação direta na questão identitária. A possibilidade de rememorar, de sentir-se conectado e representado por um local a partir das vivências urbanas, estimula uma vida urbana ativa, traz saúde e aproxima as gerações. No transcorrer dessa pesquisa, parece ainda mais evidente que um sistema de espaços públicos, tendo o rio como continuidade e edificações históricas em seu percurso, pode ser uma das formas de criar a empatia e identificação almejada.