A POESIA MÍDIAVAL NA CRÍTICA DE RICARDO DOMENECK

DA SINCRONIA À PROFANAÇÃO

  • Rafaela Parizotto UFFS
  • Valdir Prigol UFFS

Resumo

Esta pesquisa reflete sobre a crítica de Ricardo Domeneck veiculada no blog Revista Modo de Usar & Co a partir de uma metáfora de leitura, que foi apresentada, historicizada e teorizada neste trabalho. Para isso, foram escolhidas três publicações do autor, as quais apresentam uma metáfora em comum. Segundo o crítico, as poetisas Björk Gudmundsdóttir, Joanna Newson e Lhasa de Sela produzem uma poesia mídiaval, pois, a exemplo dos trovadores medievais Beatriz de Diá e Arnaut Daniel, suas obras extrapolam o limite do papel e constituem-se na inter-relação entre escrita-voz-performance. Considerando essa conexão que Domeneck estabelece entre artistas contemporâneos e medievais, materializada linguisticamente na metáfora mídiaval, propõe-se que sua crítica remete a um gesto de leitura sincrônico, cuja historicidade passa por Ezra Pound (2006), Haroldo de Campos (1969), Paul Zumthor (1997) e Georges Didi-Huberman (2015). Esse modo de ler é marcante em Domeneck e questiona a noção de cânone, cuja pretensão é criar um panteão de autores e obras que constituem o suprassumo da literatura, engessando suas leituras e fechando os olhos para as obras que, embora não canonizadas, poderiam estabelecer relações com o presente. A partir disso, sugere-se que uma leitura sincrônica provoca o que Agambem (2007) chama de profanação, já que devolve as obras para o uso comum, dando novo sentido e nova vida a objetos que o cânone mantinha como praticamente intocáveis.

Biografia do Autor

Valdir Prigol, UFFS

Doutor em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), professor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). E-mail: valdirprigol@uffs.edu.br.

Publicado
30-08-2019
Seção
Campus Chapecó - Projetos de Pesquisa