CONTRIBUIÇÕES DO PIBID PARA A FORMAÇÃO SOCIAL DOS ALUNOS

O RACISMO ESTRUTURAL QUESTIONADO DURANTE O ENSINO FUNDAMENTAL

  • Isis Demeneghi Lemos da Silva Universidade Federal da Fronteira Sul

Resumo

O racismo estrutural, ou seja, o racismo velado, reflete-se em diversos setores da sociedade, a partir de práticas sociais, as quais, embora, muitas vezes, imperceptíveis aos olhos de alguém menos crítico, podem incentivar o preconceito racial. Consequentemente, essa forma de racismo pode refletir-se na sala de aula. Tendo isso em vista, decidimos experienciar, por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), ofertado pela Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS, Campus Cerro Largo, no Rio Grande do Sul, como essa estrutura racial excludente é questionada dentro de salas de aula gaúchas. O programa, financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), insere os estudantes do primeiro ao terceiro ano dos cursos de licenciatura nas escolas públicas dos arredores de sua universidade. Nessa perspectiva, para que este trabalho fosse possível, contamos com a participação dos alunos do sétimo ano de uma Escola Estadual do noroeste gaúcho, os quais participam do PIBID. Utilizamos, como base de indagação, a literatura como objeto de transformação social, visando assim questionar como o racismo “arromba” as portas da escola,  (CAVALLEIRO, 2001), a fim de salientar uma possível persistente negação do ensino de história e cultura africana e afro-brasileira, do ensino das religiões de matriz africana, na quase inexistência do ensino da literatura africana e afro-brasileira, assim, invisibilizando, mesmo que indiretamente, a existência e luta diária das pessoas negras, deixando a cultura negra subalterna à cultura branca. Por conseguinte, para iniciarmos essa discussão, apresentamos aos alunos a lenda gaúcha “Negrinho do Pastoreio” cuja história é de um negro escravizado em terras gaúchas, que, ao perder um cavalo, foi violentamente punido, ou seja, agredido. Assim, utilizamos a arte (literatura) com a finalidade de chocar, causar impacto e gerar discussão, promovendo o que os formalistas russos chamam de “estranhamento” (TODOROV, 1999). Dando continuidade à metodologia, utilizamos de outra forma de arte, o cinema, por meio do filme estadunidense “Escritores da Liberdade” (2007), em que traços nítidos da marginalização e da violência (repressiva) sofrida por jovens negros, latinos e asiáticos norte-americanos são expostos. Com o filme, pretendemos expor as divergências nas vivências entre jovens negros marginalizados e alunos brancos, para que, assim, iniciássemos o debate a respeito das diversas formas em que o racismo se manifesta na sociedade, pois acreditamos que a educação, a arte e, em específico, a literatura, são métodos de desmonte desse sistema estruturalmente racista. Portanto, consideramos que o PIBID foi um propulsor do questionamento social, tanto para nós, alunos do Ensino Superior, quanto para os alunos do Ensino Fundamental, pois, consideramos satisfatórios todos os debates gerados em sala de aula.

Publicado
26-09-2019
Seção
Campus Cerro Largo - Projetos de Ensino