Masculinidades juvenis

o que os rapazes falam sobre as mulheres?

  • Bruna Luísa Szast Universidade Federal da Fronteira Sul - campus Erechim.
  • Ivone Maria Mendes Silva

Resumo

Pesquisar espaços como a escola e o público juvenil mostra-se potente para discutir questões com relevância social, pois uma parte significante da população passa por essa instituição e todos passamos pelo período da juventude. Assim, as relações sociais cotidianas do ambiente escolar são o amalgama para a construção das identidades dos indivíduos e, muitas vezes, nas brincadeiras e conversas diárias, aprendem-se os papéis sociais e as identidades de gênero. Essa pesquisa propôs-se a analisar dados de um grupo focal sobre masculinidades, realizado com jovens rapazes estudantes da Rede Pública de Ensino da cidade de Erechim/RS. Buscou-se pesquisar a relação entre as identidades de masculinidade e feminilidade, e como esses marcadores de gênero engendram-se com outros elementos da vida dos participantes, tais como, as relações familiares, a escola, o trabalho, geracionalidade, raça/etnia, classe social e sexualidade. Os dados coletados no grupo focal foram interpretados a partir do método de análise de conteúdo de Laurence Bardin e analisados sobre a luz de teorias de Raewyn Connell, Kathryn Woodward, Stuart Hall, Pierre Bourdieu e Joan Scott. Concluímos que os participantes da pesquisa apresentaram uma rasa noção sobre feminismo, empoderamento das mulheres, bem como, de seus direitos políticos e sociais. Eles reconheceram a importância da Lei Maria da Penha, apresentando o entendimento de que formas de violação dos direitos das mulheres, como a violência doméstica, devem ser combatidas. Não obstante, parte deles afirmaram acreditar que as mulheres são fracas e indefesas, tendo também apresentado visões sobre o feminino que repetem clichês culturais, como o de que "as mulheres sentem mais que os homens" e se deixar "levar" mais "pelo coração". De maneira geral, tenderam a naturalizar essas e outras características associadas ao masculino e ao feminino, sem chegar a descrevê-las como construções sociais.

Biografia do Autor

Bruna Luísa Szast, Universidade Federal da Fronteira Sul - campus Erechim.

GUSMÃO, N. M. M. Antropologia e educação: Origens de um diálogo. Cadernos CEDES. Cmpinas, v. 18, n. 43, Dez. 1997.

INGOLD, T. Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais. Horizontes Antropológicos. v. 18, n. 37, 2012. p. 25-44.

LAPLANTINE, F. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 1988.

Publicado
29-08-2019
Seção
Campus Erechim - Projetos de Pesquisa