PAGÃOS, BÁRBAROS OU INFIÉIS? NAS CRUZADAS, TODOS ESSES - UM ESTUDO SOBRE A CRIAÇÃO DAS IDENTIDADES ÁRABES NA TERCEIRA CRUZADA (1189 - 1192)

Resumo

As Cruzadas formaram um processo muito importante dentro do contexto de guerras cristãs da Idade Média. Situadas entre o século XI e final do século XIII, elas foram pensadas de forma a retomar Jerusalém para os cristãos e manter a cidade santa. Convocadas inicialmente em 1095, pelo papa Urbano II em Clermont, elas tiveram mais outras outras convocações, tendo evocado fortemente a ideia de Guerra Santa e santidade dos guerreiros, e usando alguns termos para construir a identidade dos árabes para os cristãos, a saber: pagão, infiel e bárbaro. Seguindo nessa ideia, trazemos uma fonte que discorre sobre o contexto da Primeira Cruzada, sendo ela um relato da convocação de Urbano II feito por Roberto, o Monge. O documento teria sido escrito vinte anos após o episódio, em 1115. Partindo para a questão da Terceira Cruzada (1189 - 1192), nosso foco, trazemos mais duas fontes. Jerusalém foi conquistada no ano de 1099, e com ela foram criados outros estados latinos no Oriente, sendo eles o condado de Trípoli, o principado de Antioquia e o condado de Edessa. No ano de 1187, Jerusalém foi, no entanto, novamente perdida, tendo sido tomada na batalha de Hattin por Saladino (1138-1193). Desse contexto, trazemos o documento De expugatione Terrae Sanctae per Saladinum, sendo um relato de um cavaleiro sobre o momento de tomada da Cidade Santa. Além disso, temos a bula papal Audita tremendi, também desse ano, como uma convocação por uma nova Cruzada, promulgada pelo papa Gregório VIII. A partir do seguinte contexto, os questionamentos que aqui levantamos são: Como as identidades árabes contribuíram para a noção de guerra santa do processo cruzadístico? De que forma a criação de tais identidades levaram cristãos a lutarem nas Cruzadas? Quais eram as diferenças entre os termos usados para se referir ao mundo árabe?