INTERAÇÕES NO CIBERESPAÇO
O QUE OS PACIENTES RENAIS CRÔNICOS DIALOGAM NA INTERNET?
Resumo
A difusão das novas tecnologias no contexto social é crescente e torna a internet uma ferramenta indispensável para o cotidiano. Com o advento de criação da Web, as páginas que englobam essa rede interligada viabilizaram a difusão de informação e a comunicação interpessoal. Seus usuários tornaram-se protagonistas na participação do convívio online, formando comunidades virtuais com interesse comum a fim de interação mediada por computador. O objetivo deste estudo foi caracterizar as interações sociais de cidadãos em hemodiálise no Facebook. Trata-se de uma tese de doutorado de caráter qualitativo e seu desenho embasado na Netnografia, descrita por Kozinets. Foram realizadas pesquisas nos meses de março e julho de 2016, em dois grupos no Facebook de doentes renais que faziam tratamento de hemodiálise, intitulados “Hemodiálise-uma dádiva de vida” e “Eu faço hemodiálise Brasil”. Quanto aos resultados, é visível que os grupos são compostos por doentes renais, profissionais de saúde e cuidadores. No grupo Hemodiálise-uma dádiva de vida, os cidadãos engajavam-se no sentido de fortalecer a circulação de saberes e disponibilizar informações, quase que diariamente. No contexto da circulação de saberes, comentavam sobre as informações postadas, concordavam ou discordavam das opiniões, em suas falas motivavam-se entre si para aderirem aos tratamentos e verem suas condições de saúde sob um ponto de vista otimista. Já o grupo Eu faço hemodiálise Brasil é descrito como meio para abordar assuntos sobre insuficiência renal e estratégias para alertar sobre os acometimentos por Diabetes e Hipertensão, principais doenças de base que desencadeiam o ingresso às terapias renais substitutivas. Ao analisar as interações sob ótica interacionista, observa-se que, mesmo na comunicação mediada por computador na qual a linguagem se sobressai como subsídio para a compreensão da perspectiva do outro, as pessoas se fazem compreender esclarecendo que tem prioridade sobre o que estão opinando. Desta forma, as atividades propostas nos grupos eram vinculadas ao espaço de acolhimento das demandas que surgem no decorrer do tratamento e vivência com a doença. Havia uma dinâmica de cuidado compartilhado onde, a mesma pessoa que era acolhida, também acolhia e em alguns momentos, cuidadores eram cuidados.
Copyright (c) 2019 João Vitor Antunes Lins dos Santos, Julyane Felipette Lima, Eduarda Vaz Oliveira, Tauana Zick Costenaro, Bruna Laís Hardt
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