ARQUITETURA TEATRAL

TRANSFORMAÇÕES DA CAIXA CÊNICA E EXPERIÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS

  • Yuri Potrich Zanatta UFFS
  • Maria Eduarda Lazzarotto Modler
  • Vinícius César Cadena Linczuk

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo analisar criticamente a evolução da caixa cênica ao longo da História da arquitetura cenográfica para, por fim, chegar a uma proposta experimental de configuração teatral contemporânea. O trabalho justifica-se em função da cenografia ser um campo de atuação em que o arquiteto tem uma função diferenciada, por compreender a subjetividade dos espaços apresentados visualmente. Apesar disso, ainda é um campo pouco discutido na academia e pouco explorado pelos arquitetos formados. O processo metodológico envolveu o estudo do surgimento e a evolução do teatro, seu papel na sociedade e seus formatos, desde os teatros de arena gregos e as clássicas configurações italiana e elisabetana. Estudaram-se as tendências modernas e experimentais, tomando como referências o Teatro Total, idealizado por Walter Gropius em 1927 e nunca construído - este utilizava da tecnologia para criar sensações tridimensionais e buscava democratizar o espaço teatral, além de abarcar as três tipologias existentes até então em um só elemento; e o Teatro Oficina, projeto da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi, inaugurado em 1960 na cidade de São Paulo-SP - era chamado de teatro-manifesto e tomava a rua como conceito. Os resultados do estudo mostraram que, historicamente, o teatro passou de atividade marginal para principal atração recreativa da burguesia. No teatro tradicional, a boca de cena funcionava como uma janela para uma nova realidade. Os cenários eram pinturas em perspectiva, a mobília e equipamentos utilizados eram escondidos na parte superior, posteriormente evoluída para urdimento, e a orquestra escondia-se em um fosso em frente ao palco. O público relacionava-se com o espetáculo visualmente, no papel de meros expectadores, alheios à cena. Por outro lado, as experiências modernas buscaram diminuir a ilusão, fazendo com que o espectador não apenas visualize, mas interaja e seja parte do espetáculo. Além disso, buscou-se a democratização do teatro. Dessa forma, criaram-se espaços que abrigassem todas as configurações de palco e plateia, utilizando-se da tecnologia e das possibilidades múltiplas de visualização para permitir uma experiência completa. Como proposta experimental de teatro, apresenta-se o projeto de um espaço esférico com um espaço de palco central. Existem, porém, diversas plataformas que flutuam dentro da esfera, as quais conectam-se por passarelas. O público pode apropriar-se de qualquer uma delas, bem como o espetáculo, de forma que possam ser criadas infinitas experiências teatrais e pontos de vista. Os camarins e depósitos de mobiliário, bem como a passarela de entrada, também compõem o espaço e a experiência, sendo acessíveis visualmente e estando dispostos ao longo das passarelas de circulação e plateia.

Publicado
02-09-2019
Seção
Campus Erechim - Projetos de Pesquisa