POLIDIPSIA PSICOGÊNICA EM CADELA

RELATO DE CASO

  • Alessandra Kozelinski Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Daniela Hemsing Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Bianca de Fátima Dallo
  • Marina Marangoni
  • Evandro de Oliveira Rodrigues Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Tatiana Champion Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Gentil Ferreira Gonçalves Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Gabrielle Coelho Freitas Universidade Federal da Fronteira Sul

Resumo

Diversos distúrbios de ingestão de água e micção podem ocorrer nos animais domésticos. A poliúria (PU) e a polidipsia (PD) podem ser difíceis de identificar, pois o tutor se acostuma com a ingestão excessiva de água e com o elevado volume de urina e não percebe como anormalidade. Assim, muitas vezes não são relatados ao veterinário, sendo identificados apenas em exames complementares, como a urinálise. O objetivo deste trabalho é relatar o caso de polidipsia psicogênica em uma cadela, SRD, de 2 anos de idade. O animal foi encaminhado à Superintendência Unidade Hospitalar Veterinária Universitária (SUHVU) da Universidade Federal da Fronteira Sul, para a realização da cirurgia de ovariohisterectomia (OVH) eletiva. Durante avaliação pré-operatória, foi solicitado realização de hemograma, alanina aminotransferase, fosfatase alcalina, ureia, creatinina, eletrocardiograma e ultrassonografia abdominal. Todos os valores estavam dentro da normalidade, entretanto, na ultrassonografia, foi identificado rins com topografia e tamanho normais, mas com discreta perda de transição corticomedular no rim esquerdo e perda de transição corticomedular no rim direito. Diante disso, realizou-se urinálise. Na avaliação química e do sedimento, não foram observadas alterações, entretanto, a densidade era 1,006 (abaixo dos valores normais). Como o animal não apresentava outras alterações, foi realizado a cirurgia. A urinálise foi repetida 16 dias após, e a densidade urinária foi 1,011. Assim, foi determinado que a urina variava entre hipostenúrica (menor ou igual a 1007) e isostenúrica (entre 1008 a 1012) e concluiu-se que o animal apresentava PU e PD. A PU/PD pode ter diversas causas, e uma ocorre em decorrência da outra. Como causas de poliúria primária, há diurese osmótica por diabetes melito, diabete insípido central ou nefrogênico, insuficiência renal, hipercalemia, hipocalemia, hiperadrenocortismo, hipoadrenocortismo, hipertireoidismo, insuficiência hepática, fármacos e dieta. Já as causas de polidipsia primária podem ser psicogênica (comportamental), encefalopatia, neurológica, febre ou dor. Para determinar a causa da PU/PD, foi realizado o teste de restrição hídrica modificado, que avalia a capacidade de secreção de hormônio antidiurético (ADH) e a resposta dos túbulos coletores distais. É realizado para diagnóstico diferencial entre polidipsia psicogênica e diabetes insípido e consiste na indução de desidratação e avaliação dos efeitos na densidade específica urinária. Para isso, após manutenção do animal em jejum hídrico de 12 horas, foi coletado urina por cateterismo e realizado urinálise. O resultado da densidade foi 1,025. Como a urina foi concentrada, significa que o animal produz ADH e este realiza sua ação. Sendo assim, concluiu-se que o animal apresenta polidipsia psicogênica. A polidipsia psicogênica é a ingestão compulsiva de água e pode ocorrer por comportamento condicionado, como exercícios restritos, estresse, e alguns autores sugerem disfunção no centro de controle da sede. O animal desenvolve poliúria compensatória, para evitar a hiper-hidratação. Acomete cães jovens, com temperamento nervoso ou que pode ter sofrido algum evento estressante. O tratamento consiste na modificação comportamental e restrição hídrica parcial para a faixa normal de consumo. Após o presente relato, nota-se a importância da realização de urinálise, e que este é o exame que melhor determina a função renal.

Biografia do Autor

Bianca de Fátima Dallo

Discente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Fronteira Sul - campus
Realeza - PR. Bolsista de Iniciação Científica da Fundação Araucária.

Marina Marangoni

Discente do curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) - campus Realeza.

Evandro de Oliveira Rodrigues, Universidade Federal da Fronteira Sul

Mestrando do Programa de Pós-graduação em Saúde, Bem-Estar e Produção Animal Sustentável na Fronteira Sul (PPG-SBPAS), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) - campus Realeza.

Tatiana Champion, Universidade Federal da Fronteira Sul

Professora Doutora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) - campus Realeza.

Gentil Ferreira Gonçalves, Universidade Federal da Fronteira Sul

Professor Doutor do curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – campus Realeza.

Gabrielle Coelho Freitas, Universidade Federal da Fronteira Sul

Professora Doutora do curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) - campus Realeza.

Publicado
10-09-2019
Seção
Campus Realeza - Projetos de Extensão e Cultura