ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA ATENÇÃO BÁSICA

LIMITES E POSSIBILIDADES

  • Jaqueline Miotto Guarnieri UFFS
  • Camila Camila Fontana Roman Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo
  • Indianara Rovêa
  • Mariele Salvi Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo
  • Thayna Bonadiman Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Sandra Mara Setti Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo
  • Fernanda Bertan Universidade Federal da Fronteira Sul

Resumo

Resumo: Este trabalho tem como objetivo descrever e analisar a atuação dos/as profissionais psicólogos/as inseridos/as na Atenção Básica (AB) do município de Marau, Rio Grande do Sul. Para isso, utilizou-se de observações e experiências das profissionais residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). A AB é considerada a porta de entrada de usuários que buscam por cuidados em serviços de saúde pública. Recebe, diariamente, inúmeros casos em que a principal demanda trata-se de saúde mental, constituindo assim vasto campo de atuação para a psicologia. Mesmo com reconhecida importância, a atuação de profissionais psicólogos/as na saúde pública é incipiente, por vezes se dá apenas como parte do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). No município de Marau, diferente da maioria dos municípios brasileiros, há profissionais psicólogos/as inseridos/as nas doze equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), atuando 20 horas semanais, além de quatro profissionais residentes. Ao todo são 16 profissionais vinculados/as à saúde pública, sendo que um/a trabalha apenas com avaliações psicológicas e outro/a em tempo integral no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), não havendo nenhum/a profissional vinculado/a aos serviços do NASF. Observa-se que, embora tenha um número expressivo de profissionais da área atuando no município, o número de pessoas que apresentam sofrimento psíquico e buscam pelos serviços está em contínua ascensão. A atuação desses/as profissionais, em sua maioria, restringe-se aos atendimentos individuais, não sendo comum a criação e manutenção de grupos terapêuticos, que seriam uma alternativa para o cuidado de um número maior de usuários. Identifica-se que o trabalho da psicologia está voltado às demandas curativas. É comum que os/as profissionais deixem de participar de outras atividades em equipe, realizem poucas visitas domiciliares ou na comunidade, não participem do serviço de acolhimento na unidade, optem por atendimentos individuais de forma isolada e que o demandem e deixem de trabalhar na promoção e prevenção. A falta de terapias alternativas, o absenteísmo, os tratamentos de longo prazo, a falta de protocolos para os casos de saúde mental e a fragilidade da rede são aspectos que dificultam o acesso ao serviço, por vezes gerando listas de espera para atendimento e demora para que estes iniciem, tornando-o pouco resolutivo. Outras dificuldades encontradas estão relacionadas aos outros profissionais das equipes, tais como a falta de conhecimento sobre problemas relacionados à saúde mental, insegurança e pouca capacitação, gerando encaminhamentos sem considerar outras possibilidades terapêuticas. Alinhado a estas dificuldades, evidencia-se uma grande demanda de crianças e adolescentes encaminhados pela escola, com queixas relacionadas a dificuldades de aprendizagem, tornando importante a atuação do profissional psicólogo neste contexto. Dessa forma, nota-se que o/a profissional psicólogo/a tem grande valor na AB, porém encontra diversos desafios no cotidiano do trabalho, que poderiam ser solucionados ou amenizados através do planejamento do trabalho em equipe, da oferta de formação continuada, da implantação de processos avaliativos e da mudança na lógica de trabalho.

Publicado
09-09-2019
Seção
Campus Passo Fundo - Projetos de Extensão e Cultura