PLANEJAMENTO PROFISSIONAL E PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS ACADÊMICOS DE MEDICINA EM UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA FEDERAL DO INTERIOR DO BRASIL
Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo principal identificar o perfil socioeconômico e o planejamento profissional dos acadêmicos de Medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Chapecó. A Instituição de Ensino Superior (IES) tem por objetivo o desenvolvimento regional, promovendo a formação de profissionais que supram à demanda local, indo ao encontro do propósito social de sua existência. Desta maneira a UFFS busca formação acadêmica que satisfaça o anseio populacional por trabalhadores adaptados à sua realidade. Com relação aos serviços de saúde disponibilizados no oeste catarinense, grande parcela da comunidade depende dos serviços prestados através do Sistema Único de Saúde (SUS). A educação em nível fundamental e médio, assim como a saúde, também é predominantemente ofertada por meio do sistema de ensino público. Trata-se de um estudo quantitativo, realizado por meio de questionário fechado. Avaliando-se a origem estudantil dos acadêmicos de Medicina, verificou-se que entre os acadêmicos pesquisados, 76,2% são provenientes do ensino médio integralmente público. Esse resultado é atribuído em grande parte às políticas públicas de cotas para ingresso no ensino superior, adotada pela universidade, garantindo o acesso aos estudantes provenientes do ensino público. Neste sentido, 43,4% dos acadêmicos apontaram que o sistema de cotas influenciou em sua permanência na escola pública. De forma similar, 42,6% responderam que tal sistema não teve influência, no entanto, devemos considerar que muitos destes, são oriundos de municípios onde o único educandário presente é o público. Demonstra-se que seguir no sistema público de ensino torna-se uma opção para o estudante lograr êxito em acessar o curso de graduação em Medicina e 82,7% frequentou curso preparatório para a almejada aprovação. O investimento mensal aproximado para o acadêmico permanecer estudando no curso de Medicina da UFFS – Campus Chapecó é de R$ 1.490,84 em que o aluguel é a maior fatia deste total, de aproximadamente 42,6% do gasto, seguido pela alimentação com 25,7%, valor certamente amenizado pela disponibilidade do Restaurante Universitário. Com relação a formação e o planejamento profissional, 68% dos entrevistados mudaram sua compreensão sobre o SUS, destes, 97,5% para melhor. Entre os estudantes 95% consideram atuar no SUS após a graduação, 90,1% visam uma especialização médica e 21,3% desejam retornar a sua cidade de origem. Com relação ao exercício da profissão 65,5% dos entrevistados declararam que as “condições de trabalho” e 51,6% a “estabilidade no emprego” são fatores importantes para seu estabelecimento profissional. Revela-se ainda, neste estudo, a insuficiência da educação pública na preparação do estudante para o ingresso na graduação pública em Medicina, tornando necessária a complementação através de cursos preparatórios. Também, apesar da universidade formar profissionais para atuar junto ao SUS e o desejo do futuro profissional em desempenhar sua função nesse sistema, não cabe somente as IES a capacitação, é fator crucial que municípios invistam em sua rede assistencial. O estudo concluiu que apesar do ensino público ser custeado pelos impostos, tal “gratuidade” torna-se subjetiva, pois o custo de vida para permanência do acadêmico na sala de aula, integralmente, tem grande impacto no seu orçamento ou de seus familiares.
Copyright (c) 2019 Charles Felipe Welter, Fabiano Geremia
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