APROPRIAÇÃO CULTURAL NA MODA SOB UMA ANÁLISE SEMIÓTICA DISCURSIVA

Resumo

As questões culturais, por serem construções humanas, estão presentes em todas as esferas sociais, sendo a moda uma delas. Essas questões se dão em relações de poder, na qual a memória de uma cultura pode, ao mesmo tempo, estar presente e ter sua memória apagada, como é o caso de apropriação cultural na moda. Esse artigo tem como intuito expor uma breve análise de semiótica discursiva a partir da imagem do desfile primavera/verão 2016 da marca Valentino, com a intenção de verificar possíveis apropriações culturais e discursos presentes na mesma. Para tanto, realizou-se a análise dos elementos presentes na imagem do desfile, baseando-se na leitura de textos que tratam sobre o tema apropriação cultural, discursos de cultura dominante e dominada. Fez-se necessário uma recapitulação sobre o que é moda, seus desfiles e semiótica, a ponto de ter o embasamento necessário para se chegar-se à conclusão sobre representatividade e respeito aos espaços das mais diferentes culturas. A partir da análise de todas as características apresentadas na fotografia, como vestuário e as modelos que compõem o elenco do desfile, fica evidente que a marca fez uso de apropriação cultural, que está ligada à apropriação estilística. Sendo assim, o criador se apropriou de elementos da cultura africana para poder fazer a construção de sua coleção, como, por exemplo, tranças nagô, que são originalmente usadas por tribos da África e pessoas negras dos guetos. Ainda observa-se a quase inexistência de pessoas representando sua própria cultura e o estilo apresentado, fazendo com que haja um total apagamento dos sujeitos. Portanto, a análise discursiva foi de suma importância para entender os discursos presentes e conseguir identificá-los de maneira coesa, destacando a relevância em discutir assuntos como representatividade de sujeitos, para termos uma sociedade mais justa e inclusiva, a fim de respeitar o espaço de outras culturas, assim preservando seu valor e sua memória.