AGRICULTORES FAMILIARES DE TRÊS CIDADES DA REGIÃO SUL DO BRASIL: O USO DO EPI E SUA RELAÇÃO COM O NÍVEL DE ESCOLARIDADE
Resumo
Atualmente, devido ao desenvolvimento rural e o aumento no uso de defensivos agrícolas, o Brasil ocupa o primeiro lugar no que diz respeito ao consumo de agrotóxicos no âmbito mundial. Além disso, segundo o relatório divulgado em 2017, pela ONU (Organização das Nações Unidas), estima-se que anualmente morrem 200 mil pessoas, devido ao envenenamento agudo por agroquímicos, destacando-se ainda, que normalmente são trabalhadores rurais e moradores do campo. Assim, diante de tais números surge uma grande preocupação no que tange o impacto ocasionado por agrotóxicos, para com a saúde, especialmente a saúde dos trabalhadores rurais os quais estão ininterruptamente expostos a essas substâncias. Além disso, grande parte da produção agrícola brasileira provém da agricultura familiar. Assim, este trabalho teve como objetivo relacionar o uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual) com escolaridade dos agricultores familiares de 3 cidades da região Sul do país. Após a aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa 97031118.7.0000.5564, ocorreu seleção dos participantes, onde foram avaliados agricultores familiares expostos ou não a agrotóxicos, do sexo feminino e masculino, com idade igual ou superior a 18 anos. A amostra contou com 305 agricultores familiares das cidades Mafra SC, Planalto PR, Realeza PR aos quais foi aplicado um questionário a fim de poder relacionar o nível de escolaridade e o uso de EPI. E após, foi realizado o teste qui-quadrado, adotando-se p<0,05. Em relação aos agricultores de Mafra-SC pode-se observar relação significativa entre o nível de escolaridade e uso de EPI (p<0,000), sendo que 65% dos agricultores apresentavam ensino fundamental incompleto. E em relação ao uso de EPI, verificou-se que do total de agricultores, 61% usavam EPI incompleto, 21,1% não usavam nenhum tipo EPI, 9,8% usavam o EPI completo e 8,1% dos agricultores não aplicavam agrotóxicos. A mesma situação não foi identificada para os agricultores pertencentes aos 2 municípios do Sudoeste do PR. Dentre os agricultores familiares de Planalto PR, 69,5% possuíam fundamental incompleto, entretanto do total de agricultores 32,8% não aplicavam agrotóxicos, 28,9% não usavam EPI, 20,3% usavam o EPI completo e 18% usavam o EPI incompleto. Por fim, em relação aos agricultores de Realeza PR, 53,7% apresentaram o ensino fundamental incompleto, 31,5% não usavam EPI, 29,6% não aplicavam agrotóxico, 24,1% usavam o EPI incompleto e 14,8 usam o EPI completo. Os resultados apresentados sugerem que a baixa escolaridade demonstrada pela população em estudo pode vir a dificultar o entendimento acerca das informações técnicas e também quanto à utilização dos EPIs durante as atividades relacionadas ao manejo de agrotóxicos, podendo-se caracterizar esse grupo como despreparado para manipulação dessas substâncias. Dessa forma, a exposição dos trabalhadores agrícolas frente a defensivos agrícolas pode ser reduzida, através do repasse de conhecimento sobre o uso de roupas de proteção, segurança, equipamentos e também referente os protocolos de segurança de aplicação adequados para as mais variadas classes de agrotóxicos. Por isso, as condições de trabalho, saúde e doença dos trabalhadores rurais no Brasil demonstram caminhos a serem discutidos por profissionais de diferentes áreas do conhecimento, apresentando-se como um grande desafio multidisciplinar.
Copyright (c) 2019 Calinca Skonieski, Karina Raquel Fagundes, Ana Carolina Fernandes, Daniel Barbosa Chaves, Maiara Grasiela Rossi, Andressa Talita Nunes, Samara Cesaro Cavaler, Dalila Moter Benvegnú
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Editorial do XIII SEPE e concordo que os direitos autorais, a ele referente, se torne propriedade do Anais do XIII SEPE da UFFS.