DESAFIOS NO MANEJO E ABORDAGEM DA CARDIOPATIA CONGÊNITA

DEFEITO DE SEPTO ATRIOVENTRICULAR ASSOCIADO À COMUNICAÇÃO INTERATRIAL

  • Victor Sussumu Kanematsu UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Jéssica Pasquali Kasperavicius
  • Luis Felipe Chaga Maronezi
  • Joana Stela Rovani de Moraes

Resumo

O defeito no septo atrioventricular é uma má formação congênita do coração que se divide em 3 categorias: forma parcial, intermediária ou total. Na forma parcial tem-se CIA (comunicação interatrial), além de defeito na valva mitral (fenda anterior) e possivelmente alteração na valva tricúspide. O crescimento embriológico irregular dos coxins endocárdicos tem como resultado uma variedade de defeitos do canal atrioventricular, o mais frequente consiste em um defeito na região inferior do septo atrial, a localização do ostium primum, usualmente acompanhada por uma fenda na valva mitral e por insuficiência mitral. A comunicação interatrial consiste em uma patologia congênita cardíaca, ocorre na formação do septo que separa as duas cavidades dos átrios. Este septo possui uma abertura comunicante entre o átrio direito e o esquerdo. Representa entre 5% a 10% de todos os defeitos cardíacos congênitos, sendo uma das malformações mais comuns da região. Mais predominante em pacientes do sexo feminino e se apresenta de quatro formas  anatomicamente diferentes: CIA tipo ostium secundum (CIA OS), CIA tipo ostium primum (CIA OP), defeito do seio venoso (CIA SV) e defeito do seio coronário (CIA SC). O mais frequente é a CIA OS (cerca de 75%). O ecocardiograma transtorácico com Doppler é o exame confirmatório. Relata-se o caso de uma paciente feminima, 46 anos, que veio ao atendimento no ambulatório de especialidades da UFFS, em abril de 2019, para avaliação de exames laboratoriais e eletrocardiograma. No momento da consulta sem queixas. É cardiopata desde os 19 anos de idade, que inclui defeito do septo atrioventricular de forma parcial e insuficiência mitral. Há cerca de dois anos implantou marcasso e foi diagnosticada com hipotireoidismo e dislipidemia. Possui comunicação interatrial, transtorno depressivo, crises de cefaleias desde a infância, que teve piora após um acidente automobilístico com trauma cranioencefálico leve, frequentemente acompanhado por vômitos, com fatores relacionados com estresse e ansiedade. Realizou atrisseptoplastia há cerca de 20 anos. Os medicamentos em uso são Carvedilol 3,125mg, Levotiroxina 25mg e Amitriptilina 25mg. Possui atopia medicamentosa a Tetraciclinas. No exame físico não houve alterações dignas de nota. Nos exames o T4 livre, leucócitos, hemácias, vitamina B12, vitamina D, plaquetas, glicose em jejum se apresentavam dentro dos valores de referência. Hemoglobina se encontrava levemente diminuído em 11,9 g/dL e hematócrito aumentado (65,4%), provavelmente devido à doença cardíaca congênita. No eletrocardiograma foi achado um Bloqueio de Ramo Direito. A CIA costuma ser de evolução benigna. A oclusão do defeito do septo inteatrial é realizada por meio de cirurgia de atriosseptoplastia (utilizando placa de pericárdio bovino ou autólogo), de rafia ou de fechamento percutâneo, sendo utlizado próteses. É uma cirurgia consideravelmente simples do ponto de vista técnico, o implante da prótese é guiado através de ecocardiografia transesofágica. A prótese Amplatzer é a mais utilizada, composto por malha de arame feita de níquel e titânio (Nitinol). Não há dúvidas sobre a segurança e a efetividade dos tipos de atriosseptoplastia, seja percutâneo ou cirúrgico, com ótimos resultados a curto e longo prazos em centros de referência em todo o planeta, independente da idade.

Publicado
09-09-2019
Seção
Campus Passo Fundo - Projetos de Extensão e Cultura