USO DE MEDICAMENTOS POR USUÁRIOS ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL

  • Raimundo Maurício dos Santos Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Passo Fundo
  • Everton Toigo Somensi
  • Gustavo Olszanski Acrani
  • Regina Inês Kunz
  • Ivana Loraine Lindemann
  • Amauri Braga Simonetti

Resumo

Resumo: A polifarmácia é definida como uso regular de cinco ou mais medicamentos sendo um ato comum e crescente na prática clínica, principalmente em pessoas acima de 60 anos. Este crescimento relaciona-se a vários fatores, como o aumento da expectativa de vida e o consequente aumento da multimorbidade, à maior disponibilidade de fármacos no mercado e de linhas-guia que recomendam o uso de associações medicamentosas para o manejo de várias condições de saúde, como a hipertensão e o diabetes mellitus. Muitos estudos epidemiológicos demonstraram que essas combinações excessivas de medicamentos causam complicações no decorrer do tratamento dos pacientes, desencadeando o processo conhecido como “cascata de prescrições” ou “cascata iatrogênica”, sendo um dos principais fatores de risco para a ocorrência de interações medicamentosas e reações adversas ao fármaco. Foi realizado um estudo transversal por meio de entrevista com formulário padronizado no Ambulatório da Universidade Federal da Fronteira Sul. Os dados foram coletados no mês de maio de 2019, por estudantes do Curso de Medicina previamente treinados, por meio da aplicação de questionário a adultos que aguardavam atendimento médico no serviço. Após dupla digitação e validação, foi realizada estatística descritiva. O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFFS – Parecer nº 3.219.633.). O objetivo da pesquisa foi descrever a frequência de medicamentos utilizados pelos indivíduos entrevistados. A amostra foi constituída de 60 entrevistados, com predomínância do sexo feminino (63,3%), idade entre 20 e 59 anos (67,8%), cor branca (75%), renda mensal entre 1 e 2 salários mínimos (50%) e polifarmácia foi observada em 40,5% de todos os casos. No que se refere aos hábitos de vida, 82 % não eram tabagistas, 69% não consumiam bebidas alcoólicas e 47,5% não praticavam atividade física. Foi constatado que 47,3% dos idosos entrevistados fazem uso de 5 ou mais fármacos, para tratamento da doença atual ou por continuação de uso prévio. No que se refere à frequência das comorbidades, observou-se que 31,5% dos idosos apresentavam obesidade, 68,4% diabetes mellitus, 31,5% hipertensão arterial sistêmica e 42,1% doença cardíaca. Os dados preliminares desta amostra apontam que a polifarmácia é frequente em idosos, uma vez que as morbidades crônicas são altamente prevalentes nessa faixa etária e, geralmente, faz-se necessário utilizar vários medicamentos para seu controle. Além disso, o idoso é mais suscetível a comorbidades, justificando a necessidade de polifarmácia. Tal prática não indica necessariamente que a prescrição e/ou o uso de medicamentos estejam incorretos, mas que uma abordagem mais criteriosa e o monitoramento desse perfil de idosos se fazem necessários. A análise de uma amostra maior permitirá avaliar os fatores de risco associados à polifarmácia para a adoção de medidas preventivas, incluindo a possibilidade de medidas não farmacológicas, no cuidado com a saúde do idoso.

Publicado
09-09-2019
Seção
Campus Passo Fundo - Projetos de Pesquisa