Caracterização de casos de intoxicação exógena aguda autoprovocada
Resumo
O termo intoxicação exógena aguda remete a qualquer interação de um organismo vivo com substâncias químicas - encontradas no ambiente ou isoladas em compostos sintéticos - que ocasionem efeitos nocivos aos sistemas fisiológicos normais. Etiologicamente podem advir de alimentos, plantas, animais peçonhentos, pesticidas, medicamentos ou produtos de uso domiciliar, e frequentemente são causas de procura por atendimento médico nos serviços de urgência e emergência. Dentre os agentes causadores, os acidentes com animais peçonhentos se destacam em primeiro lugar, seguidos de agentes medicamentosos, estes últimos, comumente relacionados a casos de tentativa de suicídio. Embasado nisso, o presente estudo buscou determinar o número de casos de intoxicações exógenas agudas autoprovocadas ocorridas no município de Passo Fundo - RS entre os anos de 2013 e 2017, bem como, o perfil da população acometida. Para isso, foi realizado um estudo ecológico abrangendo todos os casos notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) de 01/01/2013 a 31/12/2017. A caracterização foi feita a partir dos dados constantes nas Fichas de Investigação de Intoxicação Exógena sob o CID10 T65.9, contemplando sexo, idade, cor da pele, escolaridade, zona de residência, local de ocorrência, método de escolha, via de administração, periodicidade, necessidade de internação, desfecho e período de ocorrência. Os dados foram solicitados ao Centro Estadual de Vigilância em Saúde – Núcleo de Vigilância das Doenças e Agravos Não Transmissíveis e recebidos em planilha eletrônica, sendo a estatística descritiva feita por meio do programa PSPP (distribuição livre). O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal da Fronteira Sul. A amostra foi composta por 287 casos, com predomínio do sexo feminino (76,7%), idade entre 11 e 30 anos (49,5%), cor da pele branca (85%) e ensino fundamental incompleto (27,9%). Quanto aos casos, 96,9% ocorreram em ambientes de zona urbana, 96,2% na própria residência, 86,4% por meio da ingestão de medicamentos e com via de exposição predominantemente digestiva (94,8%). Dos casos, 69,3% aconteceram uma única vez, 67,9% necessitaram de hospitalização e 73,9% evoluíram com cura completa sem qualquer sequela. Quanto ao período de ocorrência, houve uma maior frequência de registro de ocorrência no ano de 2017 (64,5%). Estudos como este denotam a importância da investigação de casos antigos e novos nos municípios, objetivando uma qualificação no atendimento às populações e uma adoção de eficientes medidas de prevenção primária aos indivíduos sob influência de fortes fatores de risco.
Copyright (c) 2019 Luis Felipe Chaga Maronezi, Guilherme Assoni Gomes, Jeanice de Freitas Fernandes, Ivana Loraine Lindemann
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