Caracterização de casos de intoxicação exógena aguda autoprovocada

  • Luis Felipe Chaga Maronezi Uffs Passo Fundo
  • Guilherme Assoni Gomes Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Passo Fundo
  • Jeanice de Freitas Fernandes Prefeitura de Camargo, RS
  • Ivana Loraine Lindemann Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Passo Fundo

Resumo

O termo intoxicação exógena aguda remete a qualquer interação de um organismo vivo com substâncias químicas - encontradas no ambiente ou isoladas em compostos sintéticos - que ocasionem efeitos nocivos aos sistemas fisiológicos normais. Etiologicamente podem advir de alimentos, plantas, animais peçonhentos, pesticidas, medicamentos ou produtos de uso domiciliar, e frequentemente são causas de procura por atendimento médico nos serviços de urgência e emergência. Dentre os agentes causadores, os acidentes com animais peçonhentos se destacam em primeiro lugar, seguidos de agentes medicamentosos, estes últimos, comumente relacionados a casos de tentativa de suicídio. Embasado nisso, o presente estudo buscou determinar o número de casos de intoxicações exógenas agudas autoprovocadas ocorridas no município de Passo Fundo - RS entre os anos de 2013 e 2017, bem como, o perfil da população acometida. Para isso, foi realizado um estudo ecológico abrangendo todos os casos notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) de 01/01/2013 a 31/12/2017. A caracterização foi feita a partir dos dados constantes nas Fichas de Investigação de Intoxicação Exógena sob o CID10 T65.9, contemplando sexo, idade, cor da pele, escolaridade, zona de residência, local de ocorrência, método de escolha, via de administração, periodicidade, necessidade de internação, desfecho e período de ocorrência. Os dados foram solicitados ao Centro Estadual de Vigilância em Saúde – Núcleo de Vigilância das Doenças e Agravos Não Transmissíveis e recebidos em planilha eletrônica, sendo a estatística descritiva feita por meio do programa PSPP (distribuição livre). O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal da Fronteira Sul. A amostra foi composta por 287 casos, com predomínio do sexo feminino (76,7%), idade entre 11 e 30 anos (49,5%), cor da pele branca (85%) e ensino fundamental incompleto (27,9%). Quanto aos casos, 96,9% ocorreram em ambientes de zona urbana, 96,2% na própria residência, 86,4% por meio da ingestão de medicamentos e com via de exposição predominantemente digestiva (94,8%). Dos casos, 69,3% aconteceram uma única vez, 67,9% necessitaram de hospitalização e 73,9% evoluíram com cura completa sem qualquer sequela. Quanto ao período de ocorrência, houve uma maior frequência de registro de ocorrência no ano de 2017 (64,5%). Estudos como este denotam a importância da investigação de casos antigos e novos nos municípios, objetivando uma qualificação no atendimento às populações e uma adoção de eficientes medidas de prevenção primária aos indivíduos sob influência de fortes fatores de risco.

Publicado
09-09-2019
Seção
Campus Passo Fundo - Projetos de Pesquisa