O PROCESSO DE FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E CONSTRUÇÃO CONCEITUAL PARA PROJETO DE CREMATÓRIO

  • Yuri Potrich Zanatta UFFS
  • Andreia Saugo

Resumo

Este trabalho é resultante da primeira etapa de um Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Erechim, cuja estrutura é subdividida em duas disciplinas: a primeira consiste na fundamentação teórica e estudos preliminares para uma proposta arquitetônica e/ou urbana, ou seja, pesquisas para aproximação do tema e da área de intervenção, visando que o aluno tenha compilado todo o conhecimento necessário para a formulação de sua proposta de projeto, realizada na componente curricular subsequente. Ao escolher um crematório como proposta, embasado na vontade de trabalhar a arquitetura como elemento ativo nas emoções dos usuários, muitas dúvidas surgiram: como aproximar-me do tema da morte, como tratar um assunto tabu com naturalidade e transpassar tal naturalidade para os leitores e como criar bases conceituais sólidas para o projeto. Tendo em vista tais reflexões, indagou-se o que seria necessário para a compreensão do tema a partir de uma lógica de abordagem clara e concisa. Assim, discutiu-se a morte enquanto processo histórico e constructo social através da revisão bibliográfica de autores como o sociólogo Norbert Elias e o historiador Philippe Ariès, nas obras A Solidão dos Moribundos e História da Morte no Ocidente, respectivamente, narrando de forma resumida o processo de mudança de pensamento sobre a morte na sociedade ocidental, desde a Idade Média até os dias atuais, com o objetivo de construir um conceito de projeto e compreender como se esboçou o distanciamento com que a sociedade moderna encara a questão. Além disso, foram estudados ritos da morte em diferentes contextos culturais, desde sociedades do mundo antigo, como gregos, romanos, egípcios e povos mesopotâmicos; até ritos mais atuais, como os hindus no rio Ganges, as celebrações mexicanas do Dia de Los Muertos e algumas tribos indígenas – Maori, na Nova Zelândia e Ianomâmi, na Amazônia – dadas as suas origens distanciadas da sociedade clássica greco-romana. Neste processo, pôde-se compreender que os ritos da morte expressam duas ideias principais: a ideia de passagem e a de finitude. Como resultado, estas compreensões lançaram bases sólidas para o conceito do projeto que seria seguido a partir de então, bem como a justificativa para a escolha do terreno: enquanto passagem, foi pensado para projeto o conceito de transcendência e, aplicando ao espaço físico para a procura do terreno, o lance de vista da paisagem; para a ideia de finitude, relacionou-se à noção de retorno da matéria à natureza, procurando então um terreno com remanescentes de mata nativa para inserir o crematório e tendo a noção de que a vegetação exerceria um papel fundamental na concepção da proposta arquitetônica. Após este lançamento conceitual, aprofundou-se na cremação, seu processo técnico, como ela surgiu e se popularizou em diferentes culturas, além de investigar as bases para a sua aceitação ou não em distintas sociedades. Dentro da proposta da disciplina, esta construção teórica abordou tópicos que geraram conforto para a banca e lançaram bases conceituais sólidas para as decisões projetuais subsequentes, apresentando-se como uma boa aproximação para o tema na finalidade do trabalho em questão.

Publicado
02-09-2019
Seção
Campus Erechim - Projetos de Pesquisa