AUTOMEDICAÇÃO E SEUS RISCOS PARA A SAÚDE DE UNIVERSITÁRIOS

  • Maria Eduarda de Souza Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Realeza

Resumo

Resumo: A automedicação afeta significativamente a saúde da população, o uso de medicamentos sem prescrição médica parece ter se tornado comum. Cerca de 80 milhões de brasileiros são adeptos da automedicação, e todo ano aproximadamente 20 mil pessoas morrem no país vítimas dessa prática, estudos abordam ainda que existe relação entre o grau de instrução e os índices de automedicação. Observando os riscos que a automedicação causa a saúde desenvolveu-se no componente curricular “Projeto Integrador” uma pesquisa referente á prática de automedicação entre acadêmicos da Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Realeza PR. O Projeto teve como objetivo compreender o perfil dos estudantes que se automedicam, identificando fatores relacionados à automedicação como sexo, grau de instrução e principais razões que levam os acadêmicos se automedicar. Após a aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa em Humanos, realizou-se um questionário aos acadêmicos da 1ª 3ª 5ª 7ª e 9ª fase dos cursos de Química, Ciências Biológicas, Física, Letras, Medicina Veterinária e Nutrição. Todos os participantes assinaram Termo de Consentimento livre e esclarecido, dos 259 entrevistados (28% dos acadêmicos com matrícula ativa no campus) 108 foram alunos do sexo masculino e 151 do sexo feminino. Após avaliação das frequências pelo teste do Chi-quadrado identificamos que não há diferença na frequência de uso de medicamento entre os sexos (96,9% das mulheres e 94,1% dos homens X2=0,545; p=0,460). Com relação ao curso matriculado e o uso de medicação, todos os participantes de dois cursos (Medicina Veterinária e as Licenciaturas em Física) relatam automedicação. Embora não identificamos diferença estatística entre todos os cursos (X2=8,466; p=0,132), destaca-se o curso de Ciências Biológica por apresentar  88,4% dos estudantes declarando se automedicarem. Com relação às fases, observa-se que não há diferença estatística entre a frequência de estudantes que relatam automedicar-se (X2=2,060; p=0,725), no entanto, dos alunos que se medicam, é possível notar que os indivíduos da 9ªfase utilizam em média mais medicamentos, identificado pela ANCOVA considerando a relação curso e fase, sendo a fase estatisticamente significante (F=5,597; p<0,0194), comparações em pares pelo teste t de Student indicam que os estudantes da primeira fase fazem menor uso que àqueles da 7ª (t=-2,103; p=0,038) e da 9ª fase (t=-2,097; p=0,038). O que sugere um efeito do grau de instrução sobre a automedicação. 48,66% das mulheres relatam se automedicar por falta de tempo em comparação aos homens, dos quais 36,11% se automedicam por falta de tempo (X2=4,029; p=0,045). Assim, podemos inferir que há maior uso de automedicação nos acadêmicos das fases finais, evidenciando que o grau de instrução tem relação com os índices de automedicação, confirmando os achados de que quanto maior o grau de conhecimento mais o individuo acredita que possa se autodiagnosticar, sem imposição de um profissional qualificado. Destaca-se também o elevado número de adeptos a prática da automedicação, independente de associação com sexo, ou com o curso. Medidas preventivas e educativas direcionadas à comunidade acadêmica são fundamentais para a promoção da saúde e riscos da automedicação.

Publicado
30-08-2019
Seção
Campus Realeza - Projetos de Pesquisa