PERFIL DOS USUÁRIOS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE EM BUSCA DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE.

Resumo

As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) são preconizadas no Brasil desde 2006, na Política Nacional de PIC (PNPIC), que tem como um dos objetivos estimular o desenvolvimento de práticas que versam na prevenção de adoecimentos, na promoção e na recuperação da saúde. Essas práticas estimulam uma escuta acolhedora, proporcionando o estabelecimento de vínculos entre profissionais e usuários do sistema de saúde. No município de Chapecó-SC, estas práticas são realizadas na Secretaria de Saúde no âmbito do Serviço de Atenção à Saúde do Trabalhador (SAST). As PICS proporcionam uma cultura do cuidado distinta, que percebe o paciente em sua singularidade e, ao mesmo tempo, em sua complexidade. Essa forma de perceber a atenção à saúde gera um olhar do ser humano como um todo, indissociável nos seus aspectos corporais, mentais, energéticos e espirituais; um olhar holístico que fortalece a capacidade do indivíduo no processo de cura e reabilitação, e que supera o paradigma hegemônico com foco na doença e na medicação. As PICS são relevantes por contribuir na promoção da saúde, na prevenção de doenças e, consequentemente, na redução de despesas. Uma pesquisa desenvolvida pela Saúde Coletiva da UFFS, intitulada “As Práticas Integrativas e Complementares em Chapecó: o desenvolvimento das atividades do Serviço de Atenção à Saúde do Trabalhador (SAST) da Secretaria Municipal de Saúde, 2012-2016”, proporcionou o desenvolvimento de um estudo relacionado à etapa quantitativa, que este texto representa, em sua análise de uma amostra não aleatória dos dados coletados no SAST/Secretaria Municipal de Saúde (SESAU) de Chapecó-SC no ano de 2018. Com base nas informações obtidas na coleta de dados, pôde-se depreender que, o perfil dos usuários das PICS é heterogêneo, contemplando indivíduos de diferentes condições socioeconômicas e distintos graus de formação acadêmica. A amostra foi composta por 186 usuários, cujos prontuários foram analisados. O principal diagnóstico médico que levou ao usuário procurar as PICS foi relacionado a distúrbios osteoarticulares e dor (63,90%). No que tange à faixa etária dos usuários, tem-se os seguintes resultados: 9,78%(19-29 anos), 25,54%(30-39 anos), 31,52%(40-49 anos), 26,63%(50-59 anos) e 6,52%(60-69 anos). As PICS utilizadas, foram: acupuntura (17 usuários), homeopatia (2 usuários), auriculoterapia (128 usuários), massoterapia (31 usuários), reflexologia (1 usuário), reiki (47 usuários) e atendimento em florais (24 usuários). A partir disso, pode-se perceber que a prática mais utilizada foi a auriculoterapia, seguida pelo reiki. Entretanto, ao longo da coleta de dados, surgiram dificuldades com a qualidade do registro, decorrentes da incompletude dos prontuários, causando lacunas de informações que impossibilitaram a real caracterização dos usuários, considerando a proposta inicial de censo dos dados, bem como suas percepções sobre a influência das PICS na qualidade de vida pós-tratamento. Apesar das dificuldades encontradas na coleta de dados e consequentemente nos resultados do estudo, é importante que se conheça o perfil dos usuários das PICS no âmbito da rede pública municipal, de forma a qualificar o serviço e consolidá-lo como oferta assistencial no atendimento de demandas as quais a medicina científica contemporânea não tem conseguido responder de forma adequada aos usuários que a ela recorrem.