ESTÁGIO E EDUCAÇÃO DO CAMPO

COMPREENDENDO AS CIÊNCIAS NATURAIS NO CONTEXTO URBANO

Resumo

Ser professor, hoje, representa muito mais do que transmitir conteúdos e avaliar os estudantes. Também é estar preparado para as imprevisibilidades, os desafios e as inovações que permeiam o espaço escolar. Nesse sentido, a etapa de estágio, vivenciada pelo universitário, é a oportunidade de evidenciar tais convicções e de potencializar diferentes construções do saber. Embasado nisto, relatamos os aspectos culminantes da prática pedagógica desenvolvida nas disciplinas de Biologia e de Química, numa turma do terceiro ano do ensino médio, em uma escola urbana do município de Getúlio Vargas – RS. Este processo é parte do componente curricular Pesquisa e Prática Pedagógica no Ensino Fundamental – Estágio IV, do Curso Interdisciplinar em Educação do Campo – Ciências da Natureza. Através da perspectiva interdisciplinar, trabalhou-se os conteúdos de ecologia e funções químicas (sol, fotossíntese, carboidratos, lipídios, preservação dos recursos naturais) utilizando-se o tema gerador Meio Ambiente, Ciência e Sociedade, possibilitando-se a interação entre as concepções de Educação do Campo e Urbana. Para isso, foi empregado os momentos de problematização inicial, construção conceitual e produção do conhecimento. Neste processo, aliou-se as ferramentas tradicionais de ensino a textos paradidáticos, charges e vídeos, bem como as questões biológicas específicas, a identificação de contaminantes no ecossistema, o uso de experiências, fabricação de produtos ecológicos e a confecção dos modelos moleculares destas receitas. Junto a cada recurso aplicado, os estudantes formularam relatórios, construíram suas charges e apresentaram suas moléculas, culminando em uma avaliação cumulativa e transitória a ambas disciplinas. Evidenciou-se que esta organização metodológica, promoveu a acessibilidade em introduzir os conteúdos curriculares e relacioná-los aos cotidianos vivenciados pelos alunos. Além disso, trouxe o diálogo como uma forma de aliar os saberes populares aos científicos, valorizando a presença camponesa na turma e pondo a ciência como base sócio política para a construção da cidadania e do letramento científico na sociedade. Ou seja, vivenciar a docência enquanto estagiário, permitiu compreender amplamente o espaço escolar, compactuando-se com a importância da desfragmentação curricular e a emergência de novos enfoques que põem o estudante como protagonista de seu aprendizado.