NARRATIVAS BIOGRÁFICAS SOBRE O ABOLICIONISTA JOAQUIM NABUCO

UM SUJEITO EXCEPCIONAL E A FRENTE DO SEU TEMPO?

Resumo

A partir de uma leitura crítica o presente trabalho objetiva analisar o modo como o abolicionista Joaquim Nabuco narra a si mesmo descrevendo sua vida, desde a origem, atrelada ao tema da escravidão. Ao abordar a escrita de si na autobiografia Minha Formação (1900), e a escrita biográfica feita por sua filha em A vida de Joaquim Nabuco por Carolina Nabuco (1929), buscamos evidenciar as contradições do sujeito, o tempo histórico e as relações sociais, como possibilidade de verificar, não só as diferenças entre as duas obras e o que elas enfatizam, como também compreender que as duas narrativas posicionam Joaquim Nabuco. Diferente da autobiografia, a biografia feita por sua filha evidencia questões da vida privada de Nabuco, bem como traz à tona outros sujeitos que também reivindicavam a abolição na mesma esfera que o autor. Assim, o principal desafio nesse sentido é investigar o uso das palavras utilizadas para narrar a vida de Joaquim Nabuco, e de que maneira a figura de Nabuco é constituída nas obras, quais elementos e momentos específicos da vida foram realçados para situá-lo como um homem exemplar, digno de ter a vida narrada e predestinado a defender a abolição da escravidão no Brasil. Talvez na tentativa de explicar o sujeito e suas ações por ele mesmo e não pelo contexto social. Aquele que posteriormente, por meio de textos de escritores como Celso Vieira (1949), Luiz Viana Filho (1952) entre outros, ficou conhecido pelo título de “libertador da raça negra” sujeito excepcional e a frente do seu tempo.