MonAn desde paisagens menores

um relato sobre aprendizagens em antropologia

Resumo

Este trabalho pretende elaborar significâncias teóricas sobre paisagens menores de aprendizagem em antropologia, tendo como ponto de desdobramento a posição ocupada pelos autores num projeto de monitoria em antropologia. O curso de Ciências Sociais da Universidade Federal da Fronteira Sul, UFFS, está situado em Erechim, uma cidade no interior do Rio Grande do Sul de pequena-média densidade populacional e o próprio curso tem baixo índice de matrículas, não chegando a cem matrículas ativas no presente momento. Também a geopolítica da cidade, que é marcada pelo histórico do etnocentrismo decorrente dos processos de colonização tardia da mesorregião Fronteira Sul, coloca desafios para a formação antropológica comprometida com a verdade e a justiça, como argumenta Mauro Almeida. Nesse sentido, a ideia de paisagem menor de aprendizagem, ao invés de contexto, emerge na leitura de Tim Ingold sobre a educação da atenção num mundo de coisas, avivado por uma percepção do ambiente no qual se tece o fazer antropológico. A monitoria de antropologia, um programa institucional comum em universidades, em Erechim promoveu proposições do aprender deslocado dos sentidos de monitoramento, que carrega a palavra, e interessada nas práticas de estudos colaborativos e pós-abissal, fazendo referência aos textos de Boaventura de Souza Santos sobre saberes ecológicos. Partindo da pergunta sobre qual a potência que um nome pode carregar desdobrou-se uma passagem do nome monitoria para Monan, um encurtamento do nome institucional, ao mesmo tempo, uma dissimulação. Pensando com Deleuze e Guattari, criar um enunciado político-monan é colocar no mundo uma relação simétrica entre estudantes, possibilitando agenciamentos que fogem a regra do monitoramento e da hierarquia das relações. É no manuseio do enunciado que há possibilidades políticas de mobilizar estudantes para a arte de fazer encontros que suscitam reflexões de um mundo comum.