TECNICA E A POSSIBILIDADE DE (RE)PENSAR O HUMANO

Resumo

Esse artigo procura colocar a técnica a base do que poderia ser identificado com a superação do humanismo por uma (re) apropriação do humano por ele mesmo. Heidegger teria percebido essa possilidade, contudo, a tradição parece ter dado mais atenção ao aspecto negativo da interpretação heideggeriana. Aqui, procura-se salientar o aspecto positivo e, a partir dele, apresentar a técnica como um meio possível de superação do humanismo tradicional. Sloterdjik percebe que o momento histórico impõe essa tarefa, como também, dá-se conta do que faltou à filosofia heideggeriana, discutir o como é instituida a Lichtung. Para tanto, assume-se, como correta, a tese de que o Humanismo tradicional tem como pano de fundo a intenção de instituir e tornar viável o viver na Lichtung. Todavia, a Técnica, por diferentes motivos, passou a ser vista como uma ameaça aos objetivos desse humanismo. Entretanto, acredita-se que essa é uma visão ingênua da técnica, fundamentada em um visão, igualmente ingênua do humano à base do humanismo. Heidegger e seu “anti-humanismo” seriam a prova disso. Outros autores são trazidos a discussão como modo de,não somente problematizar a questão, mas mostrar que a técnica  (a ciência em geral) é, por um lado, mal compreendida pelo humanismo tradicional. E, esta má compreensão diz respeito não somente a seus métodos, mas as suas funções sociais. Todavia, Platão será trazido a discussão como um testemunho de que, mesmo para a filosofia grega (tradicional digamos assim) o significado da ciência (então em seus primórdios se comparada a moderna) e seu papel social não eram desconhecidos.  Este procedimento é importante na medida que deixa claro que algo, ao longo da trajetoria da história do pensamento humano, esta compreensão foi perdida. Os motivos e porquês deste ‘ocultamento’, desta ‘perda’ do significado original, tal como era entendido por Platão não serão explorados aqui. A ideia do texto é mostrar que a técnica ocupa um lugar central e, como tal, e apesar de tudo, não é compreendida em seus métodos e funções (salvo raras exceções) e que, se tal hipótese é verdadeira ou, pelo menos plausível, deve-se poder rever a sua função e suas relações para com o humanismo tradicional.