ECOS DO RACISMO

  • Guilherme Grespan Torres UFFS

Resumo

Remontando o imaginário racial que dita a sociedade brasileira do século XIX, discorremos quanto às diferentes consequências no meio acadêmico brasileiro que surge durante o período e nas mutações que esse mesmo ideário sofre na sua tradução para o território nacional, em meio a um processo de surgimento de inúmeras instituições marcadas pelo ímpeto de organização e criação de um passado brasileiro e regional. Tendo em mente a importante marca do estado da Bahia para o desenvolvimento do Brasil colônia dado a sua significação quanto local de grande desembarque de escravos, característica que dita a maioria negra que reside no estado até hoje, finalizaremos nosso estudo na análise e comparação do texto introdutório da primeira edição do Instituto Histórico da Bahia para com o restante do cenário montado, tendo assim uma visão apurada do desenvolvimento de um processo de eugenia que deixa suas cicatrizes numa região mostrada como central para o entendimento dos conceitos de escravidão. Enraizados em nossa sociedade por meio de um processo institucionalizado, esses conceitos eugênicos descendem de uma via europeia já em desuso na época pelos seus criadores, mas que em território brasileiro encontra um espaço fértil onde a busca pelo progresso de uma sociedade nova procura os meios para tal na imitação do velho mundo. Ecoando até os dias de hoje em forma de racismo, esses conceitos antes expostos por meio de um processo científico arcaico definem um jogo político que polariza e define a existência do corpo não-branco em um miasma de inferioridade, ditando-o como uma peste a ser tratada em prol de um embranquecimento da população, que por consequência levaria o Brasil a um desenvolvimento intelectual e industrial, botando-o a par de uma noção de civilização inerente ao positivismo do século XIX.

Publicado
03-09-2019
Seção
Campus Erechim - Projetos de Ensino