A NECROPOLÍTICA NO PAMPA ARGENTINO DO SÉCULO XIX

  • Sílvia Maria Poletti UFFS campus Erechim

Resumo

O presente trabalho procurou abordar o conceito foucaltiano de biopolítica de encontro à necropolítica de Achille Mbembe diante da construção do estado nacional argentino no século XIX. Em específico compreendemos o pampa argentino como um espaço onde o estado nacional atuou elaborando discursos que possibilitaram a criação de inimigos ficcionais. Neste caso a categoria de “deserto” foi amplamente utilizada por elites letradas da época para justificar a tomada de espaço do pampa, consolidando um imaginário de que o pampa argentino não estava preenchido por pessoas e que precisava ser ocupado.  Esta elite situada na região portenha da Argentina firmou discursivamente um vazio que possibilitou o etnocídio das populações indígenas desde a patagônia até o pampa. Os chamados “territorios indios del sur” deram lugar ao sonho colonizador de Alberdi, Echeverria, Sarmiento e outros políticos que atuavam na modernização do estado argentino para o desenvolvimento da nação. A impossibilidade do espaço ser desértico é que existiam populações no local, como se constata principalmente em obras de arte pintadas na época para retratar o contexto do pampa. O projeto fundacional da nação argentina apoiado por esta elite sustentou a ideia de um vazio que deveria ser preenchido, bem como o antagonismo entre civilização e barbárie. Este espaço vazio era tanto geográfico, do qual compõe a paisagem do pampa, quanto social, em espaços urbanizados e com movimentos culturais, especialmente em Buenos Aires onde ficava a elite portenha. Este trabalho contou com uma revisão bibliográfica de autores que abordam sobre os diferentes regimes discursivos que marcaram o argumento político de justificativa da “conquista do deserto” no pampa argentino, são eles, José Alves Neto, Javier Uriarte e Mário Rufer.

Publicado
06-09-2019
Seção
Campus Erechim - Projetos de Pesquisa